terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Mulher? O treino de força é para si!

É MULHER? ENTÃO, ESTE ARTIGO É PARA SI! VENHA COMPREENDER PORQUE É QUE O TREINO DE FORÇA É FUNDAMENTAL E QUAIS OS BENEFÍCIOS ASSOCIADOS.

 

 

Pela  Profª Rita Franco

Licenciada em Ciências do Desporto e Educação Física pela Faculdade de Coimbra e em Fisioterapia pela Escola Superior de Saúde de Aveiro. Exerce funções no Holmes Place Arrábida como fisioterapeuta, personal trainer, instrutora de Pilates e Body Balance. Trabalha também como formadora na Holmes Place Training Academy, no âmbito do Pilates, Personal Training Foundation Course, Plataformas Vibratórias e Ginástica Abdominal Hipopressiva.

 

 

Algumas mulheres evitam fazer musculação porque receiam que o treino de força possa aumentar demasiado a sua massa muscular, bem como atribuir ao seu corpo um aspeto “masculino”! No entanto, existem diferenças fisiológicas entre os homens e as mulheres que as “protegem” do excesso de músculo, bem como diversos benefícios do treino de força de que necessita tomar conhecimento.

TREINO DE FORÇA

O treino de força ajuda a reduzir a gordura corporal e a aumentar a massa magra. Estas mudanças poderão resultar num ligeiro aumento de peso, já que a massa magra – músculo – é mais densa do que a gordura. Contudo, as mulheres têm características fisiológicas diferentes dos homens, o que faz com que elas tenham mais dificuldade em ganhar massa muscular.

DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS

  • Diferenças nas concentrações hormonais

A hormona masculina testosterona constitui a diferença mais evidente nos mecanismos que determinam as adaptações ao treino dos homens e das mulheres. Ambos os sexos produzem testosterona, mas a diferença verifica-se nas concentrações da hormona, que nos homens são 10 a 20 vezes superiores aos níveis produzidos nas mulheres.

A testosterona é um esteroide anabolizante natural que proporciona ao homem um desenvolvimento muscular sempre superior. Este efeito assegura uma vantagem de força, potência e velocidade, que se projeta em qualquer modalidade desportiva que dependa destas variáveis.

  • Diferenças nas fibras musculares

Existem dois principais tipos de fibras musculares: as fibras de contração lenta (tipo I), que são usadas principalmente em esforços de endurance; e as fibras de contração rápida (tipo II), que são usadas primariamente em movimentos rápidos e explosivos. Apesar das mulheres terem os mesmos tipos de fibras musculares que os homens, a quantidade e o tamanho das fibras musculares nas mulheres são menores.

  • Diferenças na força e potência

Pelas razões acima expostas, as mulheres simplesmente não têm o mesmo perfil genético e hormonal que contribua para esses fatores. Em média, a força corporal total de uma mulher corresponde a cerca de 60% da média da força corporal total num homem. A média da força da parte superior do tronco das mulheres anda entre os 25 a 55%, quando comparada com os homens. Já em relação à força da parte inferior do corpo, as médias apontam para valores de 70 a 75%. Portanto, não é de estranhar que a maioria das mulheres tenha maior dificuldade em levantar pesos com os braços e com a parte superior do corpo (ex: flexões e elevações) do que com as pernas e com a parte inferior do corpo (ex: agachamentos e lunges).

Leia o artigo completo e veja os exercícios na edição de janeiro 2020 (nº 301)

 


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Terapia da fala e doença de Parkinson: para melhorar a comunicação e a deglutição

AS ALTERAÇÕES DE COMUNICAÇÃO ORAL NA DOENÇA DE PARKINSON TÊM UMA PREVALÊNCIA MUITO ELEVADA, ASSIM COMO A DEGLUTIÇÃO. O TERAPEUTA DA FALA É O PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELA PREVENÇÃO, AVALIAÇÃO, INTERVENÇÃO E INVESTIGAÇÃO DESTAS ALTERAÇÕES.

 

 

 

Artigo da responsabilidade do Dr. David Nascimento, Terapeuta da Fala na Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson (Delegação de Lisboa); Doutorando em Neurociências; Certificado pelo LSVT LOUD e SPEAK OUT!

 

 

As alterações de comunicação oral na doença de Parkinson têm uma prevalência de 89%. Podem caracterizar-se por alterações ao nível da voz, fala e linguagem. A deglutição, que se refere ao ato de engolir, também pode estar alterada na doença de Parkinson, sendo que a sua prevalência varia entre 11 a 87 por cento.

O terapeuta da fala é o profissional responsável pela prevenção, avaliação, intervenção e investigação das alterações da comunicação e da deglutição.

COMO SE CARACTERIZAM AS ALTERAÇÕES DA COMUNICAÇÃO?

As principais alterações da comunicação na doença de Parkinson caracterizam-se por uma diminuição ao nível do volume da voz, entoação, articulação verbal, velocidade de fala e dificuldades na evocação das palavras.

Para além disso, na doença de Parkinson observa-se um défice de perceção sensorial. Assim, o doente pode estar a falar baixo e ter a perceção de que está a falar alto. Quando lhe é pedido para falar com uma intensidade adequada, o doente pode ter a sensação de que está a gritar ou a falar muito alto.

A diminuição da mímica facial é outro aspeto que pode dificultar o processo de comunicação. A mímica facial refere-se à mobilidade dos músculos da face para transmitir ideias e emoções, entre outros. Desta forma, o parceiro comunicativo pode ter dificuldades em interpretar as expressões faciais de um doente com Parkinson.

As alterações de comunicação oral são insidiosas. De facto, a evolução é lenta e o valor atribuído aos sinais de alerta é reduzido, tendo em conta que são geralmente pouco marcados em fases iniciais da doença. Na maioria dos casos, são valorizados quando existem alterações mais severas.

QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS DAS ALTERAÇÕES DE COMUNICAÇÃO?

Ao longo do tempo, as alterações de comunicação oral podem afetar de forma significativa a qualidade de vida do doente. Podem conduzir ao isolamento social, diminuir a autoestima e levar à perda de interesse em comunicar. Para os que se encontram profissionalmente ativos, estas alterações podem interferir no seu desempenho profissional.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2020 (nº 301)


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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Compreender a síndrome do intestino irritável

DOR E DISTENSÃO ABDOMINAL, PRODUÇÃO EXCESSIVA DE GASES, DIARREIA E/OU OBSTIPAÇÃO SÃO OS SINTOMAS QUE CARACTERIZAM A SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL, UMA PERTURBAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DIGESTIVO QUE AFETA CERCA DE 11% DA POPULAÇÃO MUNDIAL.

 

A síndrome do intestino irritável (SII) não é muito conhecida pela população em geral, já que os problemas intestinais são, por vezes, um assunto tabu. No entanto, pode ter grande impacto na qualidade de vida.

A síndrome afeta, sobretudo, mulheres entre os 40 e os 50 anos. É a ligação que existe entre o cérebro e o intestino que provoca estes sintomas: na SII, o cérebro envia informações ao intestino que são percecionadas de uma forma exagerada, o que afeta a sua função.

SERÁ QUE SOFRO DE SII?

Se estes sintomas lhe são familiares e se as queixas tendem a persistir por vários meses, é possível que sofra de SII. Deve consultar o seu médico, a fim de efetuar o diagnóstico e iniciar o tratamento.

MELHOR QUALIDADE DE VIDA

A SII é uma condição crónica, mas é já possível controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Além do tratamento farmacológico, as modificações do estilo de vida, através da dieta, exercício físico e técnicas de relaxamento, ajudam a controlar os sintomas.

PAPEL DOS PROBIÓTICOS NO ALÍVIO DOS SINTOMAS

Embora as causas da SII não sejam claras, os cientistas concordam que as bactérias intestinais – microbiota – estão implicadas no seu início e/ou desenvolvimento.

A toma de determinados probióticos – bactérias e/ou leveduras vivas –, quando ingeridos em quantidade adequada, têm ação benéfica na saúde do hospedeiro, entre as quais a redução dos sintomas da SII.

Para que um microrganismo seja considerado um probiótico, deve estar bem identificado e estudado, para comprovar a sua eficácia e em que tipo de situações. Os probióticos não são todos iguais e cada um tem os seus próprios efeitos.

O probiótico Bifidobacterium Longum 35624 demonstrou reduzir os sintomas da síndrome do intestino irritável. Esta estirpe faz parte de uma família de bactérias transmitidas da mãe para o bebé no nascimento, a qual vive naturalmente no intestino humano. Foi demonstrado, em ensaios clínicos, que o probiótico transita pelo sistema digestivo e chega vivo ao intestino, onde adere à parede intestinal, proporcionando uma camada calmante e fortificante. Este probiótico, líder nos EUA[1] para a SII, já é comercializado no nosso país.

 

DESTAQUE

O que é, afinal, a microbiota intestinal?

Um adulto está colonizado por cerca de 100 triliões de microrganismos, que vivem e convivem pacificamente no seu corpo. Tal convivência é benéfica, quer para o homem, quer para estes microrganismos. É uma relação simbiótica, uma vez que ambos beneficiam dela.

Os microrganismos que vivem no intestino constituem a chamada microbiota intestinal, aquilo que antigamente era conhecido como “flora intestinal”.  Cada pessoa está colonizada com aproximadamente 100 a 400 bactérias, das cerca de 1000 espécies intestinais descritas, o que confere uma variedade muito grande entre indivíduos, levando a que cada pessoa tenha a sua própria microbiota intestinal.

Estudos científicos recentes demonstraram que a composição da microbiota intestinal está relacionada com a probabilidade de uma pessoa desenvolver determinadas doenças, tais como diabetes, obesidade, asma, pele atópica, depressão e até algumas doenças oncológicas, por isto, é tão importante manter uma função intestinal normal, que depende de uma microbiota equilibrada.

 

DESTAQUE

PUM – A Vida Secreta dos Intestinos

Imagine que tem visão raio-x e consegue observar o que se passa dentro do seu corpo. Já imaginou? Agora foque esse super poder nos seus intestinos. Já está? Perfeito. Então, prepare-se para esta viagem que vai revelar tudo o que precisa saber sobre o nosso órgão mais subestimado.

A nova exposição temporária do Pavilhão do Conhecimento, inspirada no livro de Giulia e Jill Enders “A Vida Secreta dos Intestinos” e produzida pela Cité des Sciences et de l’Industrie de Paris, em parceria com o Pavilhão do Conhecimento e o Heureka, mostra-nos em detalhe o mundo fascinante deste órgão que é recordista em número de habitantes.

No nosso intestino “moram” 100 mil milhões de bactérias. Sim, leu bem: 100 mil milhões de bactérias, o que significa que carregamos cerca de dois quilos destes minúsculos seres.

A microbiota intestinal é tão importante para a nossa saúde que tem ligação directa com o nosso cérebro e, por isso mesmo, consegue alterar o nosso peso e comportamento.

 

 

Veja o vídeo “Mundo da Microbiota”

Aponte a câmara do telemóvel ou tablet ou use uma App QR Reader

https://www.biocodexmicrobiotainstitute.com/pt-pt

 

1Probiotics as a Therapy in Gastroenterology: a Study of Physician Opinions and Recommendations. J Clin Gastroenterol. 2010 Oct;44(9):631-6.

WGO: World Gastroenterology Organisation


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Detox de açúcar

AS DESCULPAS PARA CONTINUAR A COMER DOCES ACABAM AGORA. SABEMOS QUE FICAR LONGE DOS AÇÚCARES NÃO É TAREFA FÁCIL, MAS COM AS AJUDAS CERTAS É POSSÍVEL ATINGIR O PESO IDEAL.

 

Ano novo, vida nova. Nas primeiras semanas do ano tentam colocar-se em prática as resoluções tomadas no final do ano anterior que, geralmente, incluem uma resposta aos remorsos pós-excessos da quadra natalícia. Cortar no açúcar é essencial. E para que possa perder esses quilos extra é essencial cortar nos alimentos açucarados e nos hidratos de carbono. Saiba que os sucessivos desejos incontroláveis por doces são derivados de níveis instáveis de açúcar no sangue.

IMPORTÂNCIA DO CRÓMIO

Os alimentos que ingerimos contêm açúcar (glucose) que as células do organismo transformam em energia e esta mesma glucose é transportada da corrente sanguínea para o interior das células (onde constitui uma fonte de energia importante) através do crómio e da insulina. Se tivermos falta de crómio no organismo – micronutriente que estabiliza os níveis de açúcar no sangue –, a entrada de açúcar nas células fica comprometida, o que irá provocar uma acumulação do mesmo na corrente sanguínea.

Contudo, há boas notícias. Este nutriente está presente, mesmo por pouca quantidade que seja, em alimentos, por isso o ponto de partida para alcançar o peso ideal tem por base uma alimentação saudável.

Segundo vários especialistas, existe ainda uma ajuda extra capaz de reduzir o desejo (por vezes, incontrolável) que sente por açúcar: a toma de um suplemento de crómio orgânico vai tornar possível esse controlo dos níveis de açúcar no sangue. Aconselhe-se com o seu farmacêutico.

ALTERNATIVAS SUPLEMENTARES

Ao adquirir um suplemento de crómio é importante optar por um que seja facilmente absorvido no corpo. A forma com maior absorção é a levedura de crómio orgânico: ChromoPrecise. Estudos mostram que esta levedura de crómio orgânico tem uma absorção dez vezes superior quando comparada com outras fontes sintéticas de crómio, como o picolinato e o cloreto de crómio.

 


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Suplementos para seniores: vitaminas e minerais protetores

Numerosas investigações comprovam que a toma diária de suplementos de vitaminas e minerais especificamente formulados para adultos com mais de 55 anos pode contribuir para a maior proteção do sistema imunitário desta população.

 

Nas próximas décadas, as pessoas mais velhas representarão uma percentagem crescente da população. É importante termos consciência de que aumenta o risco de problemas de saúde à medida que envelhecemos.

Felizmente, um acervo cada vez mais vasto de trabalhos de investigação mostra-nos que uma nutrição adequada e o consumo de suplementos de vitaminas e minerais permitem reduzir os problemas de saúde e prolongar o número de anos de vida saudável da população sénior.

A toma diária de um suplemento de vitaminas e minerais, especificamente formulado para adultos com mais de 55 anos, pode contribuir para a maior proteção do sistema imunitário desta população, nomeadamente em tempo de gripes e constipações.

Em artigos publicados no Journal of the American Medical Association, recomenda-se que os seniores tomem um suplemento multivitamínico diário, para satisfazerem as suas necessidades em vitaminas. A investigação confirma que os idosos se defrontam com um risco acrescido de carência de vitaminas e que o consumo inadequado de várias vitaminas e sais minerais tem sido associado a doenças crónicas, incluindo a doença cardíaca, o cancro e a osteoporose.

Segue-se um resumo de diversos trabalhos de investigação, onde se demonstra o efeito benéfico de um consumo adequado de vitaminas e sais minerais para as doenças crónicas frequentemente associadas ao envelhecimento.

Doença de Alzheimer e funcionamento cognitivo

A doença de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro, que pode levar uma pessoa a esquecer-se de acontecimentos ou tarefas familiares recentes. O risco da doença de Alzheimer aumenta com a idade.

Certos nutrientes, como os antioxidantes e as vitaminas do grupo B, desempenham um importante papel no funcionamento saudável do cérebro. A presença de um elevado nível de antioxidantes no sangue é associada ao melhor desempenho da função mental, incluindo a memória.

Uma dieta rica em antioxidantes pode proporcionar proteção contra a doença de Alzheimer e atrasar a evolução em pessoas previamente diagnosticadas como sofrendo da doença.

A vitamina B12 e o folato podem ter efeitos benéficos para as capacidades cognitivas em geral. A presença no sangue de níveis baixos de folato e de vitamina B12 e níveis elevados de homocisteína têm sido associadas a uma incidência mais elevada da doença de Alzheimer.

Um suplemento multivitamínico que inclua as vitaminas C, B6, E e D, o ácido fólico e sais minerais, como ferro, zinco e selénio, pode melhorar a função mental e até atrasar o aparecimento da doença de Alzheimer.

Antioxidantes, fitoquímicos e prevenção da doença ocular

À medida que uma percentagem significativa da população vai envelhecendo, aumenta a incidência das doenças oculares associadas à idade. Dois dos problemas oculares predominantes que afetam as pessoas com mais de 60 anos são a degenerescência macular relacionada com a idade (DMRI) e as cataratas.

Os antioxidantes, em particular a luteína carotenoide, podem prevenir a degenerescência macular e a formação de cataratas.

Tem-se demonstrado que as vitaminas C e E e os carotenoides atrasam o aparecimento de problemas de visão relacionados com a idade, como as cataratas e a degenerescência macular.

Nutrientes e função imunitária

À medida que uma pessoa envelhece (depois dos 55 anos), a sua resposta imunitária começa a enfraquecer. Um sistema imunitário enfraquecido pode aumentar o risco e a gravidade das infeções.

O consumo de suplementos com zinco, selénio e antioxidantes (vitamina E e betacaroteno) pode melhorar a função imunitária e reduzir a incidência de doenças infecciosas.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2020 (nº 301)


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Comer bem para envelhecer com saúde

A ADOÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS PODE TER UM CONTRIBUTO IMPORTANTE NA DIMINUIÇÃO DO RISCO DE VÁRIAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO, PROMOVENDO UMA MAIOR LONGEVIDADE E, SOBRETUDO, UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA, COM MAIS AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA.

 

Artigo da responsabilidade da Dra. Sofia Oliveira Pinto, Nutricionista na Clínica de Estética e Medicina Integrativa da Liga (CEMIL), Parceira Fitness Hut – Grupo VivaGym

O envelhecimento é um processo natural e dinâmico que se caracteriza por um conjunto de alterações fisiológicas, funcionais e psicológicas com potencial impacto no estado nutricional. A título de exemplo, com o avançar da idade é frequente surgirem problemas de dentição e mastigação, diminuição das capacidades sensoriais (como o paladar, a visão e/ou o olfato), alterações gastrointestinais e patologias de ordem mental e psiquiátrica (como a demência), que podem condicionar a ingestão alimentar e, consequentemente, comprometer o estado nutricional.

NECESSIDADES ESPECÍFICAS

Em virtude destas alterações, os idosos apresentam necessidades energéticas e nutricionais específicas, cujo alcance é fundamental para a otimização do seu estado nutricional. Se, por um lado, as necessidades energéticas são, geralmente, menores (pela menor prática de atividade física e consequente redução da massa muscular), as necessidades de vitaminas e minerais mantêm-se inalteradas ou, em alguns casos, aumentam, devido a uma menor capacidade de absorção e/ou utilização eficaz por parte do organismo do idoso. Destacam-se os seguintes micronutrientes:

Cálcio – A ingestão de níveis adequados deste mineral é importante para contrariar a diminuição da massa óssea e o aumento da incidência de fraturas associadas ao envelhecimento. As principais fontes alimentares de cálcio são os laticínios, os hortícolas de folha verde escura, as sardinhas enlatadas, as amêndoas e o feijão;

Vitamina D – Esta vitamina distingue-se de todas as outras pela particularidade de ser produzida pelo organismo humano mediante a ação da luz solar sobre a pele. No entanto, com o envelhecimento verifica-se uma diminuição da capacidade de síntese desta vitamina por parte dos tecidos. O fígado de peixe e respetivos óleos, os peixes gordos (como o salmão, o arenque, o atum, a sardinha e a cavala) e a gema de ovo são as principais fontes alimentares desta vitamina;

Vitaminas do complexo B – O folato e as vitaminas B6 e B12 são particularmente importantes pela sua relação inversa com a homocisteína, um aminoácido cujos níveis séricos aumentam com a idade. Níveis elevados de homocisteína no sangue constituem um fator de risco para o desenvolvimento de algumas doenças, nomeadamente doenças cardiovasculares e Alzheimer. Os cereais e derivados pouco refinados, as leguminosas (como o feijão, grão, favas, ervilhas, lentilhas), os frutos gordos (como a noz, avelã, amêndoa, caju) e o fígado são simultaneamente boas fontes de ácido fólico e de vitamina B6. Já a vitamina B12 está presente nas vísceras, carnes, marisco, ovos e nos lacticínios.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2020 (nº 301)

 


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terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Sono: uma visão integrada na clínica Sleeplab

O sono é um estado de repouso fundamental para o ser humano. É indispensável para o desenvolvimento do cérebro, da memória e de outras funções do organismo capacidade de aprender, memorizar, tomar decisões e fazer escolhas lógicas. Para além disso, reforça as defesas do sistema imunitário, ajuda a combater processos malignos, a prevenir infeções e a evitar doenças.

Impacto do sono da saúde

A organização Centers for Disease Control and Prevention (CDC), uma das mais prestigiadas organizações mundiais de saúde, declarou a existência de uma epidemia de privação de sono nos países industrializados.

Dormir menos de seis ou sete horas por noite, de forma repetida, destrói o sistema imunitário e aumenta exponencialmente o risco de ter cancro. O sono insuficiente é também um dos fatores de estilo de vida que pode determinar  o desenvolvimento da doença de Alzheimer. As perturbações do sono contribuem ainda para condições psiquiátricas relevantes, nomeadamente depressão, ansiedade e tendência suicida.

Para além disto, dormir pouco aumenta a concentração de uma hormona que produz a sensação de fome e suprime a produção de outra hormona que indica saciedade, o que contribui para aumentar o risco de  obesidade.

Perturbações do sono

Existem dezenas de perturbações do sono, das quais se destacam a insónia, a apneia do sono e a hipersónia.

A insónia é o distúrbio do sono mais frequente no adulto, podendo apresentar-se na forma aguda (duração inferior a três meses) ou crónica (duração superior a três meses). Quem sofre de insónia pode apresentar dificuldade em iniciar o sono (insónia inicial), sendo esta a queixa mais frequente. No entanto, existem outras formas de insónia, igualmente perturbadoras, como a dificuldade em manter o sono (insónia intermédia), a dificuldade em dormir até à hora pretendida (insónia terminal) ou, com menor frequência, uma sensação inespecífica de sono não reparador.

Apesar de afetar até cerca de 50% da população, a insónia continua a ser pouco diagnosticada e pouco acompanhada por profissionais competentes. O crescente consumo de “medicamentos para dormir” é cada vez mais preocupante, uma vez que pode mascarar e dificultar o diagnóstico de insónia e das patologias associadas.

A apneia do sono é outra perturbação do sono que tem vindo a receber atenção crescente pela comunidade médica, tendo sido inclusivamente abordada noutro artigo desta revista. A sua associação a várias doenças, como a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, o acidente vascular cerebral (AVC), o enfarte agudo do miocárdio e arritmias cardíacas tornam esta doença particularmente preocupante. Existe, também, uma forte associação entre a apneia do sono e a disfunção erétil, razão pela qual alguns especialistas recomendam o rastreio de apneia de sono em doentes diagnosticados com esta patologia.

A sonolência diurna excessiva (ou hipersónia) caracteriza-se pela incapacidade da pessoa permanecer acordada ou alerta durante os principais períodos do dia, traduzindo-se em sonolência e períodos de adormecimento incontroláveis e não intencionais. Esta pode ser resultado de outras patologias, como a apneia do sono, mas também do uso de medicamentos. Excluídas estas causas, é necessário considerar a possibilidade de uma hipersónia primária, sendo o exemplo mais típico a narcolepsia.

Existem, ainda, outras perturbações do sono que importa diagnosticar e tratar, entre as quais se destacam as alterações do ciclo sono-vigília (como por exemplo o jetlag), e as parassónias, vulgarmente conhecidas como sonambulismo.

Abordagem multidisciplinar

Segundo o Dr. Tiago Sá (diretor clínico da clínica Sleeplab, pneumologista com certificação internacional em medicina do sono), as perturbações do sono continuam a ser pouco diagnosticadas e pouco acompanhadas por profissionais qualificados. Este defende que o diagnóstico é um passo fundamental, salientando que existem diversos tratamentos capazes de proporcionar uma melhoria significativa da saúde e qualidade de vida dos doentes. Segundo o mesmo, a abordagem deverá passar por uma equipa multidisciplinar, pois só com esta se podem construir soluções adequadas a cada doente em particular.

É com base nestas premissas que nasce a clínica Sleeplab uma clínica médica dedicada ao diagnóstico e tratamento de distúrbios do sono, que se distingue por centralizar conhecimentos, recursos e meios de diagnóstico que auxiliam de forma rigorosa a identificação e tratamento de distúrbios do sono.

A Sleeplab dispõe de uma equipa multidisciplinar que conta com médicos de áreas fundamentais para a abordagem das doenças do sono, nomeadamente: Pneumologia, Neurologia, Psiquiatria, Medicina Interna, Otorrinolaringologia e Cardiologia. A equipa aposta na permanente atualização de conhecimentos e competências, sendo esta uma das prioridades da direção e corpo clínico. Todos os equipamentos utilizados são de última geração, proporcionando a realização de diagnósticos precisos e de tratamentos adequados.

 

Destaque

10 sinais e sintomas a ter em conta 

  1. Ressonar
  2. Apneias noturnas
  3. Excesso de peso
  4. Pescoço largo
  5. Sono agitado
  6. Insónia
  7. Sonolência diurna
  8. Cansaço
  9. Dificuldade de concentração
  10. Irritabilidade

 

Destaque

5 Conselhos para dormir melhor 

  1. Tenha uma rotina – adormecer e acordar em horários regulares ajuda o organismo a perceber quando é hora de dormir e melhora a qualidade do sono;
  2. Faça exercício físico – Exercitar-se nas primeiras horas do dia reduz os níveis de stress e ansiedade, promove uma sensação de bem-estar durante todo o dia e melhora a qualidade do sono;
  3. Evite o consumo de cafeína ou bebidas estimulantes a partir da hora do almoço;
  4. Evite o consumo de tabaco e bebidas alcoólicas, particularmente nas duas horas antes de se deitar;
  5. Não use dispositivos electrónicos 45 minutos antes da hora de dormir – A luz dos écrans estimula o estado de alerta e dificulta o início do sono.

 

Saiba mais em: www.sleeplab.pt

Ou visite em:  Rua Dom António Ribeiro nº7 – Loja D,1495-049, Algés

Email: geral@sleeplab.pt

Tlf: +351 214 180 317

Whatsapp: +351 927 557 502.

 

 

 


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Perturbações do sono: como tratar?

O SONO É UM REGENERADOR DO ORGANISMO E QUAISQUER FATORES QUE O PERTURBEM VÃO INDUZIR DESEQUILÍBRIO E DOENÇA, QUE DEVE SER TRATADA COM O MESMO CUIDADO E ATENÇÃO QUE QUALQUER OUTRA PATOLOGIA.

Artigo da responsabilidade do Dr. Arnaldo Matos, médico otorrinolaringologista, Hospital da Lapa, Porto

É um tema apaixonante e controverso, uma vez que várias especialidades médicas disputam a primazia de tratar e investigar patologias como a roncopatia, a apneia e outras perturbações do sono. Sendo muitas vezes “territórios de fronteira“, facilmente se reclamam como mais aptos ou preparados para a resolução do problema.

Assim, a Otorrinolaringologia, a Pneumologia e a Psiquiatria, por razões diversas, mas muitas vezes coincidentes, tratam estas patologias.

Idealmente, deve haver sintonia de esforços, para um correto diagnóstico e tratamento.

SINTOMAS A TER EM CONTA

Quando alguém suspeita de uma perturbação do sono, sua ou de um familiar, deve consultar o médico de família para uma avaliação do problema, pois este saberá indicar o especialista a consultar.

Os sintomas de alarme são vários, mas devemos ter em atenção os mais comuns e os que melhor ilustram estas doenças, porque na verdade qualquer alteração da arquitetura normal do sono produz doença.

O ressonar, por si só, não é doença, mas se mudar o padrão de ronco, frequência e altura pode ser sinal de patologia.

Um sono agitado, insónias ou hipersonolência e sudação excessiva durante a noite seguramente devem ser encarados com seriedade e esclarecidas as causas.

Nas crianças, além dos sintomas referidos, podem surgir irritabilidade, mau rendimento escolar e enurese noturna (urinar na cama).

Um sintoma muito importante é a apneia, período durante o qual a respiração para durante o sono, mais de 10 segundos.

Sintomas e sinais mais discretos são a fadiga e cansaço diurno, especialmente matinal, a tendência para adormecer facilmente em situações pouco usuais, como a ler, a conduzir, enquanto espera numa repartição pública, por exemplo.

Alterações do humor e da capacidade de concentração, e mesmo diminuição da atividade sexual, podem todos ser consequências de alterações do sono.

O excesso de peso, o consumo de álcool e as drogas – como, por exemplo, os tranquilizantes – agravam e podem desencadear a doença.

Nos casos mais graves, as perturbações do sono podem surgir e agravar doenças como a hipertensão arterial, arritmias cardíacas, refluxo gastroesofágico e um sem número de outras complicações, incluindo enfarte de miocárdio e acidente vascular cerebral.

Se estes sintomas surgem, particularmente a apneia, o paciente deve ser orientado para avaliação clínica.

ESTUDO CLÍNICO

O especialista em Otorrinolaringologia vai obter a história clínica, usando questionários que estão estandardizados, e desde logo fica com uma perceção do problema.

Ao realizar o exame físico, para além do peso e altura, deverá medir o perímetro do pescoço e examinar o nariz, boca, faringe e laringe, para poder perceber o local de colapso das vias aéreas superiores causadoras da obstrução que determina a apneia.

Para o estudo do sono, o “golden standard” é a polissonografia, isto é, um exame em que vão ser monitorizados vários parâmetros: número de apneias e hipopneias (períodos em que há esforço para ventilar, com redução entre 30 a 90%, que dura mais de 10 segundos, diminuição da saturação do oxigénio maior ou igual a 3% e/ou período de despertar no eletroencefalograma), movimentos das pernas, movimentos do tórax, eletroencefalograma (monitorização das características do sono) e saturação do oxigénio.

Depois de interpretado o exame, pode ser programado o tratamento mais adequado para a patologia e para o paciente em questão.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2020 (nº 301)


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Largue o tabaco!

Numerosos estudos, em todo o mundo, já demonstraram que o consumo de tabaco é responsável pelo aparecimento e desenvolvimento de doenças graves. São conhecidas três dezenas de patologias diferentes que têm o tabaco como foco de desenvolvimento, entre elas o cancro do pulmão, a bronquite e os enfisemas.

 

A nicotina é considerada a grande responsável pela dependência tabágica, ao criar no fumador níveis de habituação tendencialmente mais elevados. O consumo de tabaco é um problema que afeta cada vez mais pessoas, sendo responsável por 10 a 15% da mortalidade, em geral. O número de fumadores assume proporções assustadoras, aproximando-se dos mil milhões, em todo o mundo. Na Europa, o fumo do tabaco é responsável por quase dois milhões de mortes anuais.

Em Portugal, as estatísticas indicam que cerca de 20% da população portuguesa é fumadora, numa proporção de três homens por cada mulher. É um facto que os homens têm vindo a fumar cada vez menos, embora ainda sejam os mais fumadores. Por outro lado, a taxa das mulheres fumadoras tem vindo a aumentar.

O cancro é a segunda causa de morte em Portugal e, dos vários tipos de cancro que contribuem para este ranking fatal, o cancro do pulmão e outros cancros relacionados com o consumo do tabaco são os seus principais contribuidores. De acordo com um relatório do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, uma pessoa morre a cada 50 minutos, em Portugal, vítima de doenças relacionadas com o hábito tabágico.

O consumo global de cigarros tem vindo a aumentar, desde que os cigarros manufaturados foram introduzidos no início do século XX. E o número de fumadores irá crescer, sobretudo, devido ao aumento da população mundial. Os cigarros matam cerca de metade dos indivíduos que fumam durante a sua vida. Metades desses morrerão entre os 35 e os 69 anos.

Nenhum outro produto de grande consumo tem um tão elevado nível de perigosidade como os cigarros, superando o número de mortes provocado pela SIDA, drogas, acidentes de viação, homicídios e suicídios.

Iniciação na adolescência

A grande maioria dos fumadores inicia o consumo de tabaco na adolescência. Na União Europeia, o pico da iniciação tabágica ocorre entre os 13 e os 15 anos. Atualmente, a experimentação e uso de cigarros, incluindo os eletrónicos e outros produtos de tabaco, pelos adolescentes e jovens está a sofrer um crescimento exponencial. Mais de metade dos jovens que experimentam fumar tornam-se dependentes. Quanto mais precoce é a iniciação e mais frequente é o uso de tabaco, maior é o risco. Portanto, adiar a iniciação tem, só por si, um valor preventivo.

Por outro lado, o uso do tabaco pode funcionar como porta de entrada nas drogas ilegais. A este respeito, alguns estudos sugerem que o uso do tabaco constitui um maior risco para o futuro uso de drogas ilegais do que a ingestão de álcool. O uso de tabaco associa-se, também, a outros comportamentos de risco para a saúde e pode funcionar como indicador da tendência para outros comportamentos desviantes.

Cerca de 90% dos fumadores fuma todos os dias, podendo ser considerados dependentes do tabaco. Nestes casos, deixar de fumar é muito difícil: cerca de 70% dos fumadores declara que gostaria de deixar de fumar, mas apenas alguns o conseguem.

Por este conjunto de razões, controlar o tabagismo e as suas consequências passa, obrigatoriamente, pela prevenção primária dirigida aos jovens, procurando evitar a iniciação e a habituação tabágicas.

Malefícios do tabaco

Os fumadores têm, em média, menos 10 anos de vida que os não-fumadores. Isto porque as substâncias absorvidas destroem alguns órgãos importantes, ao mesmo tempo que fragilizam o organismo em relação a vírus e a doenças oportunistas.

A doença mais vulgar associada ao consumo do tabaco é o cancro. Este pode ocorrer não apenas nos pulmões, mas também na laringe, na faringe ou na boca. Os problemas respiratórios também se agravam, podendo surgir bronquites crónicas ou enfisemas, e ficando os fumadores mais suscetíveis a gripes e constipações. O sistema cardiovascular é, igualmente, afetado, na medida em que tabagismo constitui um risco cardíaco, favorecendo o aparecimento da angina de peito e do enfarte do miocárdio.

Mas estas são apenas as doenças mais conhecidas, pois a lista de problemas de saúde associados ao tabaco é extensa. Eis mais alguns exemplos:

  • envelhecimento precoce, com o aparecimento de rugas e cabelos brancos;
  • a tosse crónica também é bastante vulgar entre os fumadores e, na maior parte dos casos, indicia problemas respiratórios mais graves;
  • o cheiro do tabaco é bastante desagradável e bastante difícil de retirar das roupas e das casas, mas também leva a uma diminuição das capacidades olfativas;
  • os dentes também sofrem as consequências do tabaco, enfraquecendo e ficando amarelados;
  • o fumo aumenta o risco de doenças reumáticas;
  • o tabaco pode causar a infertilidade, tanto em homens como em mulheres, ocasionando ainda outras doenças do aparelho reprodutor.

Esta extensa lista de doenças contribui, certamente, para que um fumador pense duas vezes no seu hábito e equacione os custos e as consequências para a saúde que o vício provoca.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2020 (nº 301)


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segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Vitaminas e minerais contra os efeitos do stress psicológico

Artigo da responsabilidade do Dr. João Miguel Fernandes, médico psiquiatra; consultor científico Laboratórios Atral S.A.

O conceito de burnout (ou exaustão profissional) é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um fenómeno ocupacional. Não é classificado como uma doença, mas antes definido como “uma síndrome conceptualizada como resultando do stress crónico no local de trabalho que não é adequadamente gerido”. Caracteriza-se por três dimensões:

1) sentimentos de falta de energia e exaustão;

2) distanciamento mental do trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo em relação ao trabalho; e

3) redução da eficácia profissional.

Stress psicológico e stress oxidativo

A maior parte dos estudos que abordaram os mecanismos endócrinos e imunológicos subjacentes à síndrome de burnout tem-se focado em duas vertentes:

  • por um lado, no conjunto de interações do sistema endócrino que exercem um papel fundamental na resposta a estímulos internos e externos (incluindo a fatores de stress psicológico); e
  • no impacto do stress psicológico crónico na função imunitária, responsável pela proteção e defesa do organismo, nomeadamente contra infeções.

Por outro lado, vários estudos têm evidenciado que o stress psicológico, nomeadamente o associado ao local de trabalho, se associa a um aumento do stress oxidativo no organismo, situação na qual há um excesso de produção de substâncias (os chamados radicais livres) lesivas para o organismo,  e à existência de um estado pró-inflamatório, com maior risco de infeção e de doenças cardiovasculares, como o enfarte do miocárdio ou doença coronária.

Nutrientes antioxidantes e de fortalecimento do sistema imunitário

Tal como inicialmente referido, a síndrome de burnout não se encaixa na definição de “doença”, no entanto, é muitas vezes tratada como se de uma depressão ou perturbação ansiosa se tratasse, até por frequentemente estarem presentes sintomas destas condições.

Não obstante, devido às relações entre burnout, stress psicológico, stress oxidativo e função imunitária, tem sido dada particular relevância ao papel de diferentes nutrientes capazes de exercerem funções antioxidantes e de fortalecimento do sistema imunitário. Assim, a toma de suplementos contendo estes nutrientes pode constituir uma estratégia de normalização dos desequilíbrios endócrino, metabólico e energético associados ao burnout.

A título de exemplo, entre as substâncias autorizadas pela Comissão Europeia a alegar propriedades antioxidantes ou protetoras contra o stress oxidativo, incluem-se o zinco, a vitamina B2 (riboflavina), a vitamina C e vitamina E, entre outras, ao passo que aquelas que contribuem para uma função normal do sistema imunitário incluem, o folato, o zinco e as vitaminas B6 (piridoxina) e B12 (cianocobalamina) e vitamina C, entre outras.

As substâncias que contribuem para um metabolismo produtor de energia normal incluem, entre outras, as vitaminas B2, B3 (niacina), B5 (ácido pantoténico) e B7 (biotina), o cálcio e o fósforo.

 

LABORATÓRIOS ATRAL, S.A. – Sede: Rua da Estação, 42 – Vala do Carregado – 2600 -726 Castanheira Do Ribatejo

NIF: 500162085

PSA/ATRAL/VARIMINESTRESS/2020Q1-1

 

Artigo publicado na edição de janeiro 2020 (nº 301)


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Aprenda a afastar o stress

Não deixe que o stress excessivo faça parte da sua vida quotidiana. Se sente algum sintoma, atue com rapidez e corte o mal pela raiz. Existem muitos métodos e terapias que ajudam a levar uma vida mais saudável e equilibrada, mesmo com o ritmo de vida acelerado dos tempos modernos.

 

Parece ser a doença do nosso tempo e, na verdade, é tão familiar que quase não nos assusta. Falamos do stress, uma perturbação que pode afetar-nos física e psicologicamente e cujos efeitos tendem a transformar a vida quotidiana num autêntico inferno.

A jornada laboral foi esgotante: às 9h da manhã, esperavam-na uma mesa cheia de papéis até acima, mil tarefas pendentes do dia anterior, o telefone não parou de tocar o dia inteiro, toda a gente lhe pediu dados e informações e o chefe não lhe deu tréguas. Ao final da tarde, teve de ir buscar as crianças ao colégio, levá-las às atividades extra-escolares e, antes de ir para casa, passar pelo supermercado e pela lavandaria. Quando, por fim, chegou ao “lar doce lar”, iniciou-se a segunda parte da jornada: ajudar as crianças nos trabalhos da escola, pôr a casa em ordem, preparar o jantar… Entretanto, telefona a mãe ou uma amiga, que acaba por “roubar” uma boa meia hora. Quando dá por si, são 10h da noite e ainda não conseguiu ter um momento de relax. Está cansada e, também por isso, não consegue dormir descansadamente, com o que só agrava o seu estado. Um dia após outro a este ritmo origina sensação de rotina, cansaço e, por fim, stress.

Stress, saúde e comportamento

Dentro de certos limites, o stress é um facto absolutamente normal, útil e até mesmo necessário à vida, porque empurra o indivíduo para uma análise mais cuidadosa das suas necessidades e impele-o para a procura de soluções novas e alternativas.

No entanto, existe um stress nocivo e perigoso para a saúde, que conduz a estados de ansiedade, à depressão, a perturbações funcionais e à doença.

O stress nocivo – ou crónico – produz uma ampla gama de efeitos sobre o comportamento e sobre a saúde, embora as pessoas respondam de forma diferente a um mesmo tipo de estímulo. Um indivíduo pode, além disso, responder de maneira diferente a um mesmo estímulo, conforme as circunstâncias. Por exemplo, se um indivíduo estiver a atravessar uma fase particularmente delicada da sua vida, poderá viver o aumento de responsabilidades laborais como uma carga injusta, que se pode transformar numa causa de maior ansiedade. Pelo contrário, se esse mesmo indivíduo estiver a passar por uma fase mais calma, poderá encarar esse aumento de responsabilidades como um desafio positivo, para um crescimento profissional.

Embora uma lista dos efeitos do stress seja um tanto arbitrária, pode ser utilizada para compreender a variabilidade das respostas, perante os episódios stressantes. Vejamos:

Efeitos sobre a saúde – Entre os principais, contam-se: asma, dores no peito e nas costas, doenças coronárias, desmaios e vertigens, dispneia, dor de cabeça, diarreia, amenorreia, pesadelos, insónias, neurose e psicose, perturbações psicossomáticas, diabetes, eczema, úlcera, perda do desejo sexual e fraqueza.

Efeitos subjectivos – Ansiedade, agressividade, apatia, aborrecimento, depressão, cansaço, frustração, sentimentos de culpa, vergonha, irritabilidade, baixa autoestima, sensação de ameaça e tensão, solidão, incapacidade para tomar decisões e para se concentrar, amnésias frequentes, hipersensibilidade à crítica, bloqueios mentais.

Efeitos sobre o comportamento Predisposição para o consumo de medicamentos, ataques de cólera, períodos de abatimento, excesso ou perda de apetite, consumo excessivo de álcool e tabaco, comportamento impulsivo, dificuldade em falar, intranquilidade e tremores.

Crises de ansiedade

No momento em que as situações que se nos colocam diariamente superam a nossa capacidade de as enfrentar e nos impedem de levar a cabo uma vida normal, encontramo-nos perante um estado de stress, o qual gera, por sua vez, crises de ansiedade e angústia. Quando chegamos a esta situação, há que instaurar um tratamento contra o stress, sem demora.

Mais de 15% da população sofre, pelo menos uma vez, ao longo da sua vida, uma perturbação de ansiedade, que consiste numa série de reações, tanto a nível físico como psíquico, reações essas intensas, frequentes e incontroláveis. Aos olhos do observador externo, as crises podem parecer excessivas e desproporcionadas para a causa que as desencadeou.

Quando estas sensações se produzem de forma continuada, convém consultar um especialista, porque seguramente que se está imerso numa preocupante crise de stress.

Stress laboral

Sem dúvida, o trabalho é uma das causas mais frequentes de stress, pois está demonstrado que o excesso de tensão, não só não aumenta o rendimento, como dificulta o trabalho em equipa e a vida familiar do afetado.

Dossiers amontoados, prazos para cumprir, uma pressão constante, instabilidade laboral, mau ambiente entre colegas, chefes autoritários, horários intermináveis: estas são algumas das causas que podem levar o trabalhador a sentir uma quase insustentável angústia, cada vez que tem de enfrentar um novo dia.

A Comissão Europeia, através da Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e Trabalho, realizou um estudo sobre o stress laboral, no qual concluiu, entre outras coisas, o seguinte: cerca de 28% dos trabalhadores europeus sofre de stress e 20% atinge o nível “burnout” – que significa, literalmente, “queimado”. Os elevados custos pessoais e sociais gerados pelo stress laboral deram lugar a que diversas organizações internacionais, como a União Europeia e a Organização Mundial de Saúde, insistam cada vez mais na importância da prevenção e controlo do stress no âmbito laboral.

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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Psico-Oncologia: um apoio fundamental

O apoio ao doente e sobrevivente de cancro e família constitui um dos desígnios primários da Liga Portuguesa Contra o Cancro e é concretizado através da disponibilização de serviços gratuitos, nomeadamente apoio psicológico e emocional, entre outros.

 

Artigo da responsabilidade da Dra. Sónia Silva, Psicóloga Clínica; responsável pela Unidade de Psico-Oncologia da Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Centro

 

O cancro é cada vez mais um relevante problema de saúde pública. Só em 2018, estima-se que em Portugal tenham sido diagnosticados cerca de 58.000 novos casos de cancro e ocorrido 29.000 mortes (GLOBOCAN, 2019). O número de sobreviventes de cancro tem vindo a aumentar, o que não deixa de acarretar inúmeros desafios para doentes, cuidadores, profissionais de saúde e sociedade em geral, em virtude da morbilidade física, psicológica e social, resultante da doença e do seu tratamento.

Aproximadamente 25 a 35% dos doentes com cancro apresentam sintomas clinicamente significativos de sofrimento emocional ou “distress, termo anglo-saxónico que remete para uma experiência subjetiva de natureza psicológica (cognitiva, comportamental, emocional), social e/ou espiritual, que varia de sentimentos comuns de vulnerabilidade, tristeza e medo, a problemas que podem tornar-se incapacitantes.

Este sofrimento foi declarado em 2006 como o 6º sinal vital, requerendo, portanto, avaliação e monitorização, o que, por sua vez, permitirá identificar os doentes em maior risco de desenvolver alguma perturbação emocional e, consequentemente, com maiores necessidades de intervenção psicológica.

Dimensões psicossocial e psicobiológica

A Psico-Oncologia é a disciplina que se centra no estudo de uma dimensão psicossocial e de uma dimensão psicobiológica do cancro. Enquanto área de interface entre a Psicologia e a Oncologia, tem por principais objetivos estudar e intervir sobre as respostas psicológicas dos doentes com cancro, suas famílias e cuidadores, em todas as fases da doença, assim como estudar a influência dos fatores psicológicos, comportamentais e sociais no processo de doença, nomeadamente na sua origem e curso.

São vários os sintomas psicológicos que, identificados, merecem ser alvo de uma avaliação mais profunda e, eventualmente, de uma intervenção psicológica especializada. Por exemplo, sentimentos persistentes de tristeza, culpa ou desespero; agitação, ansiedade e irritabilidade; e perda de interesse nas atividades habituais, podem ser indiciadores de um quadro depressivo, pelo que devem ser monitorizados.

É importante referir que estes sentimentos são, na maioria dos casos, normativos e tendem a ser mais acentuados na fase inicial após o diagnóstico, diminuindo progressivamente à medida em que o doente vai encontrando recursos para fazer face aos desafios e exigências inerentes ao curso natural da doença e tratamento.

Caso permaneçam por períodos muito prolongados e interferiram com o normal processo de adaptação psicológica, poderão mesmo colocar em causa a adesão terapêutica e a eficácia do tratamento.

Outros sintomas como o isolamento ou desinvestimento das relações sociais, nomeadamente do relacionamento íntimo e sexual com o(a) companheiro(a), dificuldade em lidar com a autoimagem e autoestima diminuída, são outros aspetos que não podem ser negligenciados.

Além disso, situações de recusa em aceitar o diagnóstico e as mudanças que a doença impõe na vida de doentes e familiares, dificuldade em lidar com o medo e incerteza quanto ao futuro e ao prognóstico, problemas comunicacionais com os profissionais de saúde e gestão de processos de luto, no caso de familiares e cuidadores, são mais alguns motivos subjacentes aos pedidos de apoio psicológico.

Número de especialistas é muito escasso

A investigação tem demonstrado um benefício da intervenção psicológica no que respeita ao bem-estar e qualidade de vida dos doentes oncológicos e, indiretamente, nos indicadores biológicos e até na sobrevida. Por exemplo, a intervenção psicológica visa uma redução da sintomatologia ansiosa e depressiva, sintomas que se acredita afetarem a sobrevivência ao suprimir os sistemas imunológico e neuroendócrino. Ao reduzir esta sintomatologia, a intervenção psicológica poderá estar a conferir, segundo alguns estudos, um benefício de 1 a 2 anos de vida aos doentes que dela usufruem.

Os Centros Regionais do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil dispõem de profissionais de Psicologia e Psiquiatria especializados em Psico-Oncologia. Outros hospitais, com serviços de Oncologia, terão profissionais daquelas áreas profissionais a quem poderá ser realizada a referenciação. No entanto, é sentido que o número de profissionais é muito escasso ou inexistente, não suprindo as necessidades de apoio psicológico aos doentes que o requerem e menos ainda às famílias e/ou cuidadores que, na trajetória da doença, figuram como “doentes escondidos”.

Serviços gratuitos

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) é uma organização da sociedade civil com vários objetivos direcionados para a problemática da doença oncológica. O apoio ao doente e sobrevivente de cancro e família constitui um dos seus desígnios primários e é concretizado através da disponibilização de serviços gratuitos, nomeadamente apoio psicológico, emocional (entreajuda), jurídico, ocupacional, material, entre outros.

Em 2009 e fruto da perceção das lacunas existentes em Portugal neste domínio de intervenção, e com o apoio inicial da Fundação AMGEN, a LPCC constituiu Unidades de Psico-Oncologia que visam a disponibilização de apoio especializado e gratuito a doentes oncológicos, extensível a familiares e cuidadores, e aos profissionais de saúde.

O balanço destes 10 anos tem sido extraordinariamente positivo. Atuando de forma descentralizada e numa perspetiva de proximidade, estas Unidades estão presentes em 45 concelhos de Norte a Sul do País, incluindo Açores e Madeira. Até ao primeiro semestre de 2019, foram cerca de 7500 os utentes que beneficiaram do apoio psicológico, dos quais cerca de 51% são doentes oncológicos. Foram realizadas mais de 47 mil consultas. Estes números são bastante significativos, sobretudo se olharmos ao facto de se tratar de um serviço “extra-hospitalar”. Por outro lado, e a par de toda a atividade assistencial, foram realizados 12 eventos de natureza científica, alguns de cariz internacional, o acolhimento de estágios académicos e profissionais, um contributo relevante para a formação dos futuros profissionais, assim como o desenvolvimento de um grande número de atividades comunitárias, sobretudo tendo em vista a sensibilização para a prevenção e diagnóstico precoce do cancro.

Além do apoio psico-oncológico gratuito, a LPCC dispõe também de outras áreas de intervenção no apoio ao doente e família, como é o caso do apoio material, em situações de comprovadas dificuldades económicas no agregado familiar, ou, por exemplo, do apoio jurídico, quando são colocados em causa os direitos dos doentes.

São vários os canais através dos quais o doente ou familiar pode requerer qualquer um destes serviços, destacando o site – www.ligacontracancro.pt ou a Linha Cancro, cujo número é o 808 255 255.


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Cancro do rim: importância da deteção precoce

Quanto mais se souber sobre o cancro do rim, sobre a urgência de diagnosticar precocemente, mais alerta estarão os portugueses para a importância de fazer exames de rotina e de pedir ao seu médico de família que inclua nesses exames a realização de uma ecografia abdominal.

Artigo da responsabilidade do Prof. Fernando Calais da Silva, Chairman no Grupo Português de Génito-Urinário

 

Todo os anos, um milhar de portugueses recebe um diagnóstico tão assustador como inesperado: cancro de rim. Assustador pela própria palavra cancro. Inesperado porque este é um tipo de carcinoma que não tem sintomas, sendo, na maior parte das vezes, descoberto por acaso, na realização de uma ecografia abdominal motivada por outras queixas.

Na minha carreira médica, pude testemunhar como a notícia de um cancro desperta nos doentes um novo tipo de relação com o tempo. O tempo – com a família e amigos, para fazer o que mais se gosta, para desfrutar da companhia de quem é mais querido – adquire um valor inestimável. Enquanto chairman do Grupo Português de Génito-Urinário e clínico, gostaria que esse valor aumentado do tempo se verificasse também no sentido da urgência em rastrear e detetar carcinomas normalmente discretos, como é o caso do cancro do rim.

Ninguém está imune

O cancro do rim representa 2 a 3% dos tumores malignos no nosso país, estimando-se que cause 200 mortes todos os anos. Embora possa aparecer em qualquer idade, são as pessoas acima dos 50 anos as mais afetadas e mais homens que mulheres. Como em qualquer tipo de tumor, há fatores de risco: além do género e idade, o tabaco, a obesidade ou o consumo crónico de fármacos. Ou seja, pela percentagem pequena de casos no global dos tipos de cancro, podemos todos ser tentados a pensar que não nos atinge. Mas, pelos números da sua epidemiologia, percebemos que ninguém está imune.

É que, sendo mais raro do que outros tipos de tumores, como o da próstata, são detetados em Portugal mil novos casos de cancro do rim, todos os anos. Estes são apenas aqueles que são detetados, porque se não for “apanhado” através da Imagiologia – por exemplo, numa ecografia de rotina –, este tumor passa completamente despercebido. Isto acontece porque, na sua fase inicial, o cancro do rim não apresenta quaisquer sintomas. É apenas quando já está em fases muito avançadas e difíceis de tratar, com metástases, que surge a tríade sintomática: o aparecimento de sangue na urina, dores lombares e uma massa que se sente na palpação. Uma fase que, atualmente e felizmente, dificilmente se atinge sem conhecimento da doença.

Deteção precoce melhora o prognóstico

Hoje, pelas razões que referimos acima de acesso a meios de diagnóstico complementares, nomeadamente de Imagiologia, nos centros urbanos já há algum sucesso na deteção precoce da neoplasia do rim. Nos locais mais rurais, do interior, no entanto, a maior dificuldade de acesso aos cuidados faz com que o diagnóstico também se atrase mais.

E se, felizmente, está a aumentar gradualmente o número de tumores detetados mais precocemente, é importante alertar que, mesmo nestes casos de deteção mais atempada, podem aparecer metástases dali a 1, 2, 10 ou 15 anos. É algo que tentamos prevenir na gestão dos nossos doentes, fazendo análises que nos permitem classificar um tumor como tendo risco alto, baixo ou intermédio, nomeadamente de haver um desenvolvimento futuro.

E como é o caso de muitos outros tipos de cancro, quando o carcinoma do rim é detetado de forma precoce, as opções de tratamento aumentam e têm também uma eficácia e perfil de segurança aumentados.

Leia o artigo completo na edição de janeiro 2020 (nº 301)


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Cancro do pâncreas: a crueza dos números e como inverter a tendência

O CANCRO DO PÂNCREAS É O TUMOR MALIGNO DO SISTEMA DIGESTIVO COM PIOR PROGNÓSTICO. E JÁ CONSTITUI, ATUALMENTE, A TERCEIRA CAUSA DE MORTE POR CANCRO NA EUROPA. HÁ QUE RECONHECER E REFLETIR SOBRE ESTA REALIDADE PREOCUPANTE!

 

 

 

Artigo da responsabilidade da Dra Ana Caldeira, Presidente do Clube Português do Pâncreas, secção especializada da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

 

Na última década, assistiu-se a um aumento do número de casos de cancro do pâncreas, especialmente em países desenvolvidos. Atualmente, constitui a terceira causa de morte por cancro na Europa. Se nada for feito para inverter esta tendência, até 2020 ele irá ocupar o segundo lugar desta lista.

DESVENDANDO A CRUA ESTATÍSTICA…

O cancro do pâncreas é a terceira neoplasia do sistema digestivo mais frequente em Portugal, logo a seguir ao cancro do cólon e do estômago. Existe uma maior prevalência no sexo masculino, sendo a mortalidade global mais elevada entre os 75-79 anos de vida. Contudo, parece haver uma tendência para um número crescente de mortes em idades cada vez mais precoces.

Atualmente, a taxa média de sobrevida aos 5 anos é de 3% a 9%. A expetativa de vida no momento do diagnóstico é de apenas 4,6 meses e o número de mortes por cancro do pâncreas quase duplicou nas últimas três décadas.

Na verdade, o cancro do pâncreas tem a menor taxa de sobrevivência de todos os cancros na Europa!

Num estudo realizado recentemente em Portugal, com análise do número de mortes por cancro do pâncreas ao longo dos últimos 25 anos, concluiu-se que este número duplicou, tendo em 2017 ultrapassado as 1500 mortes por ano. No mesmo estudo, conclui-se que em Portugal existem diferenças geográficas significativas na incidência deste tipo de cancro, havendo maiores taxas de mortalidade nas regiões dos Açores e do Alentejo (e, em menor grau, da Madeira). A elevada prevalência de fatores de risco como o tabagismo ativo e excesso de peso nestas regiões pode, em parte, justificar as assimetrias registadas.

Apesar da estatística devastadora, a consciencialização pública e política sobre esta doença está muito aquém do desejável e parece ter sido negligenciada durante décadas. Os planos nacionais de cancro raramente mencionam o cancro do pâncreas e o financiamento da investigação nesta área é incrivelmente baixo para um cancro tão mortal.

É urgente o investimento nesta área! Com o aumento da investigação, podemos melhorar a nossa compreensão sobre este cancro tão complexo, identificar ferramentas corretas para alcançar um diagnóstico mais precoce e, finalmente, salvar mais vidas.

COMO SE MANIFESTA? QUE SINAIS E SINTOMAS?

O pâncreas tem uma localização muito profunda, estando situado atrás do estômago, no abdómen superior. Pesa entre 70 a 90 gramas e mede cerca de 15 a 20 cm, sendo a maior glândula do corpo humano. O cancro do pâncreas ocorre quando as células malignas se formam e se multiplicam no tecido pancreático. Existem vários tipos de tumores, contudo o adenocarcinoma é o tipo de cancro do pâncreas mais frequente (95%).

Os sintomas podem ser difíceis de identificar, dependem da sua localização e, geralmente, são vagos e inespecíficos, dificultando o reconhecimento e o diagnóstico precoce da doença. Pode manifestar-se por dor na região superior do abdómen com irradiação para as costas, que agrava após as refeições e na posição de decúbito dorsal. A cor amarelada da pele e urina turva são sintomas mais frequentes nos tumores da cabeça do pâncreas.

Outros sintomas menos frequentes são a comichão, indigestão, alteração dos hábitos intestinais, perda de peso inexplicável, depressão, perda de apetite, fenómenos de trombose vascular ou diabetes de diagnóstico recente. Estes sintomas podem estar associados a outras condições, pelo que não são específicos desta patologia.

O QUE SABEMOS SOBRE OS FATORES DE RISCO?

Estima-se que dois terços dos principais fatores de risco associados ao cancro do pâncreas sejam potencialmente modificáveis, oferecendo uma oportunidade para a prevenção da doença.

O tabagismo está relacionado com 20% de todos os cancros do pâncreas e causa um aumento de 75% em comparação com não fumadores. O risco aumenta com o número de cigarros fumados e o tempo de exposição.

A obesidade contribui para pior prognóstico e taxas de sobrevida. Os indivíduos obesos têm um risco 47% maior de cancro do pâncreas comparativamente aos indivíduos com um índice de massa corporal normal (IMC),

Embora exista um risco aumentado de cancro do pâncreas em doentes com diabetes de longa data, a diabetes de início recente está frequentemente associada a malignidade pancreática. Os indivíduos que foram diagnosticados com diabetes há menos de quatro anos têm um risco 50% maior de desenvolver cancro do pâncreas, em comparação com indivíduos que têm diabetes há mais de 5 anos.

Há evidências acumuladas demonstrando que o consumo excessivo de álcool (quatro ou mais bebidas por dia) está associado ao cancro do pâncreas, nomeadamente se associado à pancreatite crónica. Os doentes com pancreatite crónica, especialmente aqueles que têm pancreatite hereditária, têm um risco aumentado de desenvolver cancro do pâncreas. Aproximadamente 4% dos pacientes com pancreatite crónica desenvolverão este cancro.

O risco de cancro pancreático está aumentado em doentes com história familiar de alto risco (dois familiares de primeiro grau afectados ou 3 familiares com a doença, sendo pelo menos um de primeiro grau) ou com síndromes genéticas hereditárias (pancreatite hereditária, síndrome de Peutz-Jeghers). Pensa-se que até 10% dos casos de cancro do pâncreas estejam relacionados com condições genéticas.

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Esteja atento à desnutrição!

A DESNUTRIÇÃO ASSOCIADA A DOENÇA CARACTERIZA-SE PELA IMPOSSIBILIDADE EM ATINGIR AS NECESSIDADES NUTRICIONAIS ATRAVÉS DA ALIMENTAÇÃO HABITUAL DIÁRIA, E RESULTA NA PERDA DE PESO NÃO PROGRAMADA, ESPECIALMENTE PERDA DE MASSA MUSCULAR.

 

A desnutrição está associada a um pior resultado no desenvolvimento da doença ou no seu tratamento, ao declínio cognitivo e comprometimento do sistema imunitário, a perda de força muscular, aumento do risco de quedas, perda de mobilidade e, consequentemente, perda de autonomia e independência.

Os idosos são um grupo de risco para o desenvolvimento de desnutrição, uma vez que as alterações no metabolismo, associadas ao processo de envelhecimento, tornam-no mais suscetível ao desenvolvimento de desequilíbrios nutricionais. Os números são reveladores, estimando-se que 1 em cada 3 idosos no domicílio se encontre em risco nutricional.

CAUSAS DE DESNUTRIÇÃO

As causas de desnutrição são diversas, relacionando-se principalmente com fatores psicossociais, como a solidão e o isolamento, a depressão e a pobreza, com fatores fisiológicos, como as alterações naturais do envelhecimento do trato gastrointestinal, alteração do paladar e olfato e falta de dentição, e com fatores clínicos, como a polimedicação e a presença de doenças crónicas. Todos estes fatores, isolados ou em conjunto, podem levar à perda de apetite, que se traduz na diminuição da ingestão alimentar.

A alimentação no idoso deverá ser completa, variada e equilibrada, pelo que se recomenda a inclusão dos diferentes grupos alimentares na dieta. O plano nutricional deverá ser elaborado de acordo com as necessidades nutricionais, que são diferentes das do adulto, e tendo em consideração as preferências alimentares do indivíduo.

Igualmente importante é realizar exercício físico, adaptado caso necessário, beber pelo menos 1,5 litros de água e não ficar mais de duas a três horas sem comer, não excedendo as oito horas de jejum noturno. Dietas restritivas devem ser evitadas, de modo a prevenir estados de desnutrição e o declínio funcional associado.

NECESSIDADES NUTRICIONAIS

As necessidades nutricionais devem ser calculadas individualmente, tendo em conta, entre outros, o estado nutricional, o nível de atividade física e a condição de saúde.

Se para um adulto saudável recomenda-se a ingestão de 0,8 a 1 g de proteína/kg de peso por dia, para um idoso recomenda-se a ingestão de 1 a 1,2 g de proteína/kg de peso por dia, o que significa que o idoso necessita de um aporte de proteína superior a um adulto.

Na presença de malnutrição ou risco de malnutrição, as necessidades proteicas no idoso sobem para 1,2 a 1,5g de proteína/kg de peso por dia. O aumento destas necessidades deve-se à diminuição da massa muscular, à presença de doenças crónicas e às alterações do metabolismo específicas do envelhecimento.

No entanto, apesar de existir um aumento nas necessidades, sabe-se que o idoso ingere diariamente menos proteínas que um adulto. O aporte proteico inferior às necessidades origina diminuição na força e função muscular, o que aumenta o risco de quedas e diminui a mobilidade, que está diretamente associada à manutenção da qualidade de vida.

NUTRIÇÃO ENTÉRICA

A nutrição clínica, no caso específico da nutrição entérica, consiste em soluções nutricionais indicadas para a terapêutica nutricional de casos de desnutrição associada a doença. Destina-se a uma alimentação especial com fins medicinais específicos, com o objetivo de satisfazer as necessidades nutricionais de quem não as consegue alcançar apenas com a alimentação habitual.

A suplementação nutricional oral é recomendada como complemento da alimentação para situações em que não seja possível atingir as necessidades nutricionais somente com a alimentação habitual, mesmo após adequação alimentar. Tem como objetivos atingir as necessidades nutricionais diárias e melhoria do peso corporal, levando à redução do risco de complicações, como o desenvolvimento de úlceras de pressão, e readmissões hospitalares.

Para casos específicos, como na presença de diabetes, disfagia, doença renal, doença hepática entre outros, existem suplementos nutricionais orais específicos para colmatar as necessidades nutricionais igualmente específicas destas condições. Outro exemplo, são idosos com fratura da anca, que no pós-operatório beneficiam da ingestão de suplementos nutricionais orais para melhorar a ingestão alimentar e reduzir o risco de complicações.

A terapêutica nutricional recomendada a idosos desnutridos ou em risco nutricional deve fornecer pelo menos 400 kcal por dia e um teor de proteína igual ou superior a 30 de proteína por dia.

ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL

O aconselhamento nutricional detalhado, ao doente e familiares/cuidadores, é fundamental para assegurar a ingestão nutricional adequada e a adesão aos suplementos nutricionais. É necessário explicar razões para a toma, os benefícios da suplementação nutricional, que existem diferentes sabores disponíveis e apresentações (líquidos, pudim, em pó), e o modo de utilização (ex.: entre as refeições, introduzir a suplementação de forma progressiva, sabor melhorado quando tomado frio, agitar antes de abrir).

A juntar às necessidades nutricionais específicas para cada patologia há que ter em conta que cada indivíduo experiencia diferentes sintomas e tem diferentes preferências alimentares, pelo que a adequação nutricional terá sempre de ser individualizada e monitorizada frequentemente. No caso da suplementação nutricional há que ter em conta a variedade de sabores e consistências disponíveis, para garantir durante todo o tratamento uma correta adesão à terapêutica nutricional.

A manutenção de um estado nutricional adequado é fundamental para a saúde e bem-estar dos idosos, e tem um grande impacto no processo de envelhecimento. É importante estar atento aos diferentes fatores que promovem a depleção do estado nutricional do idoso e atuar precocemente.

 

 


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Alimentação e doenças hemato-oncológicas

Por Dra. Inês Almada Correia e Dra. Diana Alexandre, Nutricionistas, Associação Portuguesa Contra a Leucemia

As doenças hemato-oncológicas (leucemias, linfomas, entre outras) são um grupo heterogéneo de neoplasias, cuja influência no estado nutricional é variável. Resulta dos efeitos que a doença ou o tratamento podem ter na ingestão dos alimentos, na absorção e/ou perdas de nutrientes e no metabolismo energético e proteico. A intensidade e a duração do tratamento antineoplásico (quimioterapia, seguida ou não de transplante) podem agravar o estado nutricional de indivíduos inicialmente bem nutridos.

É fundamental que seja assegurada uma alimentação equilibrada em todas as fases da doença, de forma a prevenir ou minimizar a perda de peso e de reservas de nutrientes e, com isso, promover uma melhor resposta aos tratamentos e seus efeitos secundários, reduzir o risco de infeções e manter a força e a vitalidade. As necessidades nutricionais individuais devem ser alcançadas através da ingestão dos alimentos dos diversos grupos (ex. hortícolas, frutas, cereais e tubérculos, carne/peixe e ovos, laticínios, leguminosas, óleos e gorduras), nas devidas proporções, sem que sejam feitas restrições desnecessárias e sem recorrer a suplementação, salvo se indicação expressa.

Um efeito secundário que é comum a este tipo de doenças, pela sua natureza ou pelo tratamento associado, é a diminuição do sistema imunitário e, como tal, os doentes ficam mais suscetíveis a infeções. No que diz respeito à alimentação, devem ser assegurados cuidados adicionais de higiene e segurança alimentar para reduzir ao máximo o número de bactérias e outros micro-organismos que são veiculados nos alimentos e que podem ser causadores de doenças. Em casa, esses cuidados passam por garantir medidas de higiene na preparação dos alimentos, confeção e conservação adequadas. Nos dias de hoje, já não são muitos os alimentos a excluir ou a evitar, uma vez que a indústria alimentar proporciona opções seguras do ponto de vista microbiológico (por exemplo, alimentos pasteurizados, embalados individualmente).

Nos workshops de “culinária para doentes hemato-oncológicos”, promovidos pela Associação Portuguesa Contra a Leucemia e em parceria com a Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal, são abordadas estas questões com mais profundidade e há lugar para por em prática receitas seguras, nutricionalmente equilibradas e deliciosas, contrariando a ideia de que a alimentação em contexto de doença é monótona e sem sabor.

 


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