terça-feira, 29 de setembro de 2020

Metade dos doentes cardíacos tem mais medo da COVID-19 do que da própria doença

48% dos doentes cardíacos portugueses revelam ter mais receio da pandemia do que de um agravamento do seu estado clínico, uma situação que os coloca em risco devido à secundarização da doença cardíaca. Esta é uma das principais conclusões de um estudo que será apresentado hoje, pelas 21h, nas redes sociais da Fundação Portuguesa de Cardiologia, no âmbito do Dia Mundial do Coração.

 

“Este estudo vem provar o que já sabíamos, ou seja, que a pandemia teve e continua a ter um impacto real no acompanhamento clínico dos doentes cardíacos. Verificámos que quase metade dos doentes têm mais medo do vírus SARS-CoV-2 do que de um descontrolo da sua doença cardíaca e esta atitude é preocupante, uma vez que pode levar os doentes a não priorizarem a sua doença crónica, com evidentes perigos para a sua saúde. Numa altura em que o número de novos casos diários de Covid-19 continua elevado, é preciso reforçar junto dos doentes cardíacos que a sua doença deve ser prioritária e devem, por isso, continuar a realizar todos os atos médicos agendados e a recorrer aos cuidados de saúde sempre que necessário”, sublinha Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia.

O mesmo inquérito mostrou ainda que um terço dos doentes que sentiram um agravamento da sua doença não recorreram a cuidados de saúde, com metade destes a referirem especificamente o receio da pandemia, e 18% não realizaram um ato médico que tinham marcado devido a cancelamento ou adiamento ou por receio da pandemia.

Com este estudo, a Fundação Portuguesa de Cardiologia pretendia avaliar o impacto da pandemia de Covid-19 nos doentes cardíacos crónicos, avaliando as limitações no acesso aos cuidados de saúde, os motivos que levaram os doentes a não recorrer aos hospitais e centros de saúde, o impacto da pandemia nas rotinas e comportamentos e a recetividade em relação a uma vacina contra a Covid-19 e à adoção de consultas por telemedicina.

O estudo “Doentes cardíacos crónicos e a Covid-19” foi realizado pela GfK Metris e teve como base uma amostra de 1000 indivíduos com doença cardíaca, crónica, com idade igual ou superior a 18 anos, residentes em Portugal Continental. Os resultados deste inquérito vão ser apresentados pela Fundação Portuguesa de Cardiologia durante um webinar, no dia 29 de setembro, pelas 21h, que assinala o Dia Mundial do Coração.

Este ano, no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Coração, a Fundação Portuguesa de Cardiologia promoveu ainda, pela primeira vez, a Quinzena do Coração com a partilha, ao longo de 15 dias, de um conjunto de vídeos para sensibilizar toda a população para diversas temáticas associadas à prevenção cardiovascular.

Mais informação em http://www.fpcardiologia.pt/ ou https://www.facebook.com/FPCardiologia/.


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Vitamina D pode contribuir para a recuperação de doentes com COVID-19

Uma intervenção precoce com vitamina D reduz significativamente a progressão da Covid-19 em doentes hospitalizados. A conclusão é de um estudo recente, desenvolvido em Espanha e publicado na edição de outubro do Journal of Steroid Biochemestry and Molecular Biology.

Sem mortes e um número significativamente menor de doentes admitidos em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI). Estes foram os dois principais resultados da intervenção com suplementação de vitamina D num grupo de doentes infectados e hospitalizados com Covid-19.

Este estudo vem, assim, dar mais um contributo às evidências científicas que indicam que a vitamina D ajuda, efectivamente, o organismo a combater a infecção pelo novo coronavírus, através de mecanismos que controlam a reacção imunitária e previnem a chamada tempestade de citocinas, conhecida por causar a destruição do tecido pulmonar.

Vitamina D como terapêutica complementar

O estudo, que foi levado a cabo por investigadores do Hospital Universitário Reina Sofia, em Córdoba, incluiu 76 doentes, todos eles hospitalizados com Covid-19. Foi-lhes administrado o mesmo tratamento standard, que consistia em hidroxicloroquina e azitromicina. Além disso, 50 destes doentes receberam também suplementação de vitamina D como terapêutica complementar, enquanto os restantes 26 não receberam sequer vitamina D.

Grupo da vitamina D sem qualquer morte

Apenas um doente do grupo da vitamina D foi admitido na UCI. Pelo contrário, 13 doentes dos 26 não tratados com vitamina D foram admitidos na UCI. Nenhum dos doentes do grupo da vitamina D morreu e todos eles tiveram alta sem complicações. Dos 13 doentes do grupo não tratado que foi admitido para a UCI dois morreram.

Reduz a necessidade de cuidados intensivos

Apesar de o estudo apresentar limitações, sendo que é um estudo piloto e não um estudo duplamente cego e controlado com placebo, os cientistas consideram que esta é uma evidência robusta de que a vitamina D reduz significativamente a necessidade de cuidados intensivos durante o tratamento de doentes com Covid-19. A terapêutica com vitamina D parece ser capaz de reduzir a gravidade da doença. Contudo, afirmam os cientistas, são ainda necessários ensaios de maiores dimensões.

Source:

Effect of calcifediol treatment and best available therapy versus best available therapy on intensive care unit admission and mortality among patients hospitalized for COVID-19: A pilot randomized clinical study”

The Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology (ahead of print)

https://doi.org/10.1016/j.jsbmb.2020.105751


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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

A revista SAÚDE E BEM-ESTAR continua a disponibilizar a edição mensal também em formato digital, completa e gratuita.

Aqui fica a edição de Setembro – nº 308, que também poderá adquirir, como habitualmente, em papelarias e super/hipermercados.

 DESCARREGUE a edição para ler OFFLINE

SAUDE E BEM-ESTAR 308 Set20 – 16Mb

ou leia ONLINE aqui

https://issuu.com/home/published/saude_e_bem-estar_308_set20_-_16mb

 

 

 

 

 


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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Portugueses não acreditam que distanciamento nas escolas será cumprido

Em período de rentrée (regresso ao trabalho/ ensino), apenas 4,9% dos portugueses considera que o distanciamento será cumprido nas escolas. 34,5% gostaria que o teletrabalho passasse parcialmente a fazer parte da sua atividade profissional. A maioria dos portugueses afirma ter mudado as suas férias devido à pandemia da Covid-19. Estas são conclusões de um novo estudo conjunto da multidados.com – the research agency e Guess What.

De acordo com as conclusões do estudo, 22,0% dos portugueses não concordam com o regresso presencial dos alunos às aulas e são apenas 3,9% os que indicam que não vão enviar os seus filhos para a escola durante o mês de setembro.

Quando questionados sobre a probabilidade de as aulas serem lecionadas presencialmente e sem interrupções até ao final do ano escolar, verifica-se um otimismo significativo dos portugueses, dado o valor médio 6,8 (numa escala de 0 a 10). No entanto, caso as aulas sejam interrompidas, 42,8% dos portugueses assumem que se sentem pouco preparados para voltar a ter os seus filhos em casa.  Apenas 4,9% acredita que o distanciamento recomendado de 1,5/2 metros será cumprido nas escolas, uma medida com a qual 20,7% concorda. Sendo ainda menos (12,9%) aqueles que apoiam o facto de cada grupo dever estar restrito a uma zona da escola.

TRABALHO

Os resultados divergem quanto à situação profissional dos inquiridos. 20,9% dos portugueses afirmam que mantiveram as mesmas condições que tinham antes da pandemia, enquanto 20,0% afirma que esteve em teletrabalho, mas já voltou ao escritório. 2,6% dos inquiridos revelam também que a sua empresa fechou durante o período da pandemia.

 34,5% dos inquiridos revelam que gostariam que o teletrabalho passasse a fazer parte da sua atividade profissional de forma parcial e desde que acordado com a organização. 9,7% revela preferência pelo cumprimento da atividade profissional, na totalidade, em teletrabalho. Em média, e numa escala de 0 (nada produtivo) a 10 (completamente produtivo), os portugueses classificam o seu desempenho em teletrabalho como produtivo (7,69), bem como a produtividade da organização neste formato (6,38).

FÉRIAS

63,9% dos portugueses afirmam ter passado as suas férias em território nacional, enquanto 4,4% dos inquiridos gozaram do seu período de descanso no estrangeiro. Já 16,4% permaneceu na sua residência habitual. Dos portugueses que passaram as férias em Portugal, a região do Algarve foi a preferida (28,0%), seguindo-se os distritos de Lisboa (7,4%) e Aveiro (6,7%). 27,1% dos inquiridos passaram as suas férias em casa de férias própria ou de familiares, enquanto 23,6% optou por casa de férias alugada e 17,4% por hotel.

79,7% dos portugueses experimentaram uma estadia diferente do habitual, uma decisão que grande parte (46,7%) revela dever-se à pandemia. 54,5% dos inquiridos que optaram por uma autocaravana fizeram-no por ser uma solução mais barata para combater a redução de rendimentos provocada pela Covid-19. A autocaravana é, em média, também a que reúne o nível mais elevado de segurança (9,25), seguindo-se casa de férias própria ou de familiares (8,97) e aldeamento (8,9) – considerando uma escala onde 0 é muito inseguro e 10 é muito seguro.

O estudo foi realizado por via dos métodos CATI (Telefónico) E CAWI (online) a uma base de dados de utilizadores registados na plataforma da multidados.com. Foram recolhidas e validadas 1.000 respostas entre os dias 1 e 15 de setembro de 2020.

 


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5 dicas para preparar a lancheira dos miúdos no regresso às aulas

O arranque do novo ano letivo significa o regresso à azáfama diária, às idas para deixar as crianças na escola, ao apoio nos trabalhos de casa, aos banhos de final de dia, mas também às rotinas de preparação de lanches. Pode ser um desafio, mas é fundamental, portanto educar as crianças no sentido de criarem hábitos de vida saudáveis, pois aqueles que desenvolverem hoje, são os que irão adotar no futuro.

A alimentação saudável está diretamente relacionada com o desempenho escolar, sendo que segundo um estudo feito pela Organização Mundial Saúde, os alimentos ricos em açúcar ou gorduras e os de baixo valor nutricional estão associados a graves problemas de saúde como a obesidade, diabetes e hiperatividade.

Neste sentido, a plataforma de entrega de frutas ao domicílio Maria do Pomar explica como evitar dores de cabeça a criar uma lancheira escolar equilibrada:

1. Marmita térmica, leve e fácil de transportar – Uma marmita térmica, leve e fácil de transportar é o ideal para facilitar a vida aos miúdos, uma vez que eles próprios já andam carregados com o material escolar. Tendo em conta que o lanche é comido ao longo do dia, é o melhor recipiente para manter os alimentos frescos.

2. Colocar na lancheira um produto de cada grupo alimentar – Para repor as energias entre a sala de aula e as brincadeiras, a marmita deve conter uma porção de proteína, como iogurte, hidratos de carbono, como pão integral , vitaminas e minerais presentes nos legumes e fruta (sempre da época) e líquidos para hidratar, como a água ou sumos naturais. Evitar sempre sumos com açúcares adicionados.

3. Preparar a lancheira na noite anterior – Para poupar tempo na preparação das refeições, o ideal é fazê-lo na noite anterior desde que os alimentos fiquem bem condicionados. Uma boa sugestão será pedir ajuda aos miúdos, por exemplo escolherem qual a fruta que querem levar no dia a seguir, tornando-os mais conscientes e autónomos das suas escolhas.

4. Incluir opções de snack saudáveis – Manteiga de amendoim com maçã, frutas desidratadas, mix de frutos secos (sem açúcar ou sal) são boas sugestões que para além de serem saudáveis, saciam por um longo período e são uma boa alternativa às bolachas ou aos cereais açucarados.

5. Optar pelos alimentos preferidos das crianças – É importante escolher produtos que os miúdos gostem e que estejam habituados a consumir em casa, mas é necessário fugir de vez em quando à rotina, introduzindo novos alimentos que despertem o interesse dos mais novos.

Usar tupperwares coloridos, colocar etiquetas com frases, são formas simples que podem ajudar a quebrar a rotina e a motivar os mais pequenos a comerem melhor.
Cada criança tem necessidades diferentes ou até mesmo patologias como as intolerâncias ou as alergias alimentares e que poderão requerer um outro tipo de acompanhamento, onde muitas vezes é necessária a ajuda de um profissional.

 


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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Cada idade com a sua dieta

Cada idade com a sua dieta: esta é a conclusão a que chegou um grupo de especialistas em Nutrição da universidade inglesa de Norwich. Os resultados das suas investigações apontam para a necessidade de dar primazia a grupos concretos de alimentos em cada fase da vida. Esta abordagem facilita o equilíbrio do organismo e faz com que seja menos traumático perder peso, em caso de necessidade.

 

Dos 20 aos 30 anos

As pessoas desta faixa etária deveriam consumir quantidades elevadas de vegetais de folha verde, como os brócolos, as acelgas ou a rúcula. A razão prende-se com o facto destes alimentos serem muito ricos em ácido fólico, um nutriente que ajuda a prevenir doenças cardíacas e circulatórias.

Os investigadores também recomendam a ingestão de tomate (preferencialmente cozinhado ao vapor) como acompanhamento de carnes e peixes, pois contém licopeno, substância eficaz na prevenção de determinados tipos de cancro.

Outros alimentos recomendados

Geleia real – Fornece uma boa quantidade de vitaminas (A, C, B), minerais e substâncias que favorecem o bom funcionamento hormonal. Além disso, a geleia real é uma das melhores fontes de ácido pantoténico e a única fonte natural de um ácido gordo menos comum, o 10-hidroxi-2-decenóico, ao qual se atribui uma boa parte do poder reconstituinte.

Iogurte – Ajuda a fortalecer os ossos e os dentes, equilibra a flora intestinal, favorece a digestão da lactose, intervêm no crescimento, facilita a perda de peso e, além disso, contribui para a reserva de cálcio necessária na meia-idade.

Grão – O seu elevado conteúdo em hidratos de carbono de absorção lenta converte o grão na melhor opção para manter níveis de energia elevados, sem engordar. Além disso, esta leguminosa é uma importante fonte de proteínas de origem vegetal e contém nutrientes diretamente implicados na energia física e mental, como o magnésio, o fósforo e vitaminas do grupo B.

Espargos – Outro dos alimentos com um elevado conteúdo em ácido fólico. O seu conteúdo de fibras, aliado ao escasso valor calórico, também converte os espargos em ótimos aliados para combater os problemas de obstipação.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2020 (nº 308)


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Doentes malnutridos: nutrição adequada é um direito de todos

EMBORA SEJA UMA SITUAÇÃO CONHECIDA DE TODOS, A MALNUTRIÇÃO DOS NOSSOS DOENTES CONTINUA A SER IGNORADA, SUBDIAGNOSTICADA E SUBTRATADA PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. CONTUDO, É IMPERATIVO QUE TODOS OS INDIVÍDUOS MALNUTRIDOS OU COM RISCO DE MALNUTRIÇÃO SEJAM SISTEMATICAMENTE RASTREADOS, AVALIADOS E TENHAM ACESSO A CUIDADOS NUTRICIONAIS ADEQUADOS.

 

Artigo da responsabilidade do Dr. Aníbal Marinho, médico intensivista, presidente da APNEP – Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica e porta-voz da campanha ONCA (Optimal Nutritional Care for All) em Portugal.

 

A malnutrição por carência (ou desnutrição) significa não comer o suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais diárias. Resulta na perda de peso não programada, sobretudo perda de massa muscular, fundamental para a recuperação, mobilidade e autonomia do indivíduo. A sua presença agrava a condição clínica do doente, leva ao aumento dos reinternamentos hospitalares e a elevadas taxas de complicações e mortalidade, comprometendo a eficácia de muitas terapêuticas farmacológicas e cirúrgicas.

SITUAÇÃO IGNORADA

A malnutrição associa-se a diversas patologias, como doenças geriátricas, oncológicas, neurológicas, respiratórias, gastrointestinais e infecciosas, independentemente da faixa etária, região e classe social da população afetada.

Os efeitos adversos relacionados com a toma de medicação podem interferir com a ingestão de alimentos ou provocar falta de apetite, náuseas ou vómitos, assim como os baixos rendimentos e o isolamento, devido à idade ou à doença, podem contribuir para a malnutrição.

Embora seja uma situação conhecida de todos, continua a ser ignorada, subdiagnosticada e subtratada pelos profissionais de saúde, com consequências para os doentes e para o SNS. A perda de peso é um dos sinais visíveis da malnutrição e só é aceitável em dietas de emagrecimento, não podendo ser considerada “normal” no internamento hospitalar ou nos idosos na comunidade.

RISCO DE AGRAVAMENTO

Dados preliminares da prevalência em Portugal indicam que 2 em cada 4 adultos internados estão em risco de malnutrição, em contraste com a média europeia de 1 em cada 4, sendo uma situação de alarme. A prevalência real da malnutrição só será obtida quando o Ministério da Saúde começar a publicar dados sistematizados de prevalência nacional, prática comum em diversos países europeus.

Se antes da atual pandemia, a realidade destes doentes já era preocupante, acreditamos que agora é ainda mais, pelo agravamento do seu estado nutricional e pelo aumento do número de doentes malnutridos fora do contexto hospitalar.

Muitos dos doentes COVID-19 terão pela frente longos meses de recuperação funcional, sendo a manutenção de um adequado estado nutricional um fator crucial para o sucesso da sua reabilitação.

MALNUTRIÇÃO É REVERSÍVEL

A boa notícia é que malnutrição é reversível, desde que o indivíduo seja sujeito ao rastreio nutricional, ou seja, desde que a malnutrição seja identificada precocemente e instituída uma intervenção nutricional individualizada, tendo em conta a condição clínica, necessidades nutricionais e preferências do mesmo.

Quando o ato de se alimentar se torna limitado e a alimentação oral deixa de ser possível ou suficiente, há necessidade de recorrer à nutrição clínica. Seja por via entérica (oral e sonda) ou via parentérica (intravenosa), a nutrição clínica passa a ser a única solução possível para nutrir o doente, prevenindo o desenvolvimento de malnutrição ou corrigindo uma situação já instalada.

NECESSIDADE DE NUTRIÇÃO CLÍNICA

Estima-se que, anualmente, mais de 115 mil doentes em risco nutricional ou malnutridos na comunidade necessitem de apoio nutricional com recurso a nutrição clínica (entérica e parentérica). São doentes que, quando têm alta hospitalar, saem sem ser qualquer apoio ou comparticipação na aquisição da nutrição clínica, indispensável, muitas vezes, à sua sobrevivência, qualidade de vida e tratamento da doença-base.

Na comunidade, a falta de acessibilidade à nutrição clínica, por falta de apoio financeiro do Estado, acentua desigualdades sociais, uma vez que apenas os indivíduos com capacidade financeira para tal conseguem reverter a sua malnutrição no contexto ambulatório/domicílio.

CAMPANHA INTERNACIONAL

A atual acessibilidade zero à nutrição clínica no ambulatório/domicílio traduz-se em elevados custos diretos e indiretos para o SNS, com detioração da condição clínica do doente, ao contrário do que acontece noutros países europeus. Temos o exemplo da nossa vizinha Espanha, onde desde o século passado a nutrição clínica no ambulatório/domiciliária é comparticipada, ou seja, há mais de 20 anos, em oposição a Portugal, onde continuamos a negligenciar estes doentes.

Desde 2016 que Portugal faz parte da campanha internacional ONCA – Optimal Nutritional Care for All –, uma iniciativa que une diversas entidades de 18 países, como sociedades médicas, associações de doentes e agentes políticos, numa missão conjunta de implementação do rastreio nutricional e otimização dos cuidados nutricionais, construindo e acelerando a disseminação de boas práticas. Tem como objetivo que todos os indivíduos malnutridos ou com risco de malnutrição sejam sistematicamente rastreados, avaliados e tenham acesso a cuidados nutricionais adequados.

DIREITO A UMA NUTRIÇÃO ADEQUADA

A implementação da campanha ONCA em Portugal tem sido reconhecida e distinguida internacionalmente, mas falta-nos ainda assegurar que o acesso à nutrição clínica na comunidade seja equitativo, mesmo quando as nossas entidades políticas reconhecem que esta se encontra devidamente regulada na maioria dos países europeus, onde o acesso está garantido a 100%. Aguardamos a publicação da Norma Clínica DGS “Implementação da Nutrição Entérica e Parentérica no Ambulatório e Domicílio em Idade Adulta”, já aprovada, e a qual será um passo importante na garantia de que todos os indivíduos tenham acesso a cuidados nutricionais adequados, equitativos e de alta qualidade.

Temos uma preocupação mediática constante em promover o aumento da esperança de vida da população, mas esse aumento tem forçosamente de ser complementado com um aumento da qualidade de vida dessa mesma população. Temos de nos preocupar em recuperar os nossos doentes para uma vida ativa com qualidade ou, pelo menos, com a dignidade a que todo o ser humano deve ter direito. Todos temos o direito ao rastreio nutricional atempado, a uma terapêutica nutricional individualizada e ao acesso equitativo à nutrição clínica na comunidade.

O acesso a uma nutrição adequada é um direito de todos. Exigi-lo é um dever comum, de profissionais de saúde, doentes, cuidadores/familiares, opinião pública e decisores políticos.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2020 (nº 308)

 


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Andropausa: menopausa no masculino?

Nas mulheres, a menopausa marca a entrada numa nova fase da vida; nos homens, com a chegada dos 50, surgem os pequenos problemas…

 

O que o homem vive, com o início da andropausa, não se pode comparar exatamente às transformações físicas e psíquicas que sucedem à mulher, nomeadamente o fim da fertilidade. Eles não sofrem modificações hormonais brutais e podem procriar até ao fim da vida. Mas o envelhecimento do homem também é irreversível. Quanto mais avança na idade, mais as suas faculdades tendem a declinar. A principal causa desta evolução é a testosterona, cujos níveis baixam progressivamente com a idade.

HORMONA OMNIPRESENTE

A testosterona está na origem do desejo sexual masculino e que, se os seus níveis forem baixos, a vida sexual do homem será menos ativa. Decididamente omnipresente, esta hormona também tem muita influência sobre as faculdades intelectuais, bem como sobre a agressividade e o sentido de domínio. Experiências levadas a cabo com homens que não sofreram de um défice de testosterona mostraram que esta hormona tem vários efeitos benéficos: musculatura mais forte, maior dinamismo, atitude empreendedora e forte desejo sexual.

SINAIS EVIDENTES

Se um homem perto dos 50 sofre de falta de entusiasmo, de pouco dinamismo e, claro, de uma diminuição do apetite sexual, ao mesmo tempo que  se constata uma diminuição global da massa muscular, podemos considerar que estes factos estão ligados a uma diminuição significativa dos níveis de testosterona.

As consequências são diversas. A diminuição dos níveis de testosterona repercute-se, antes de mais, na sexualidade, adormecendo o desejo sexual e dando lugar a problemas de ereção.

A diminuição de testosterona terá, também, um papel importante na remineralização dos ossos. O homem ficará igualmente exposto, tal como a mulher, à osteoporose. Finalmente, a sua incidência sobre a fadiga, o stress e os problemas vasculares são de ter em conta.

A fim de minimizar a diminuição de testosterona com a idade, a manutenção desta hormona esteroide, naturalmente produzida pelo organismo, consiste no fornecimento de bons esterois alimentares ou fitoesterois, percursores naturais desta hormona, tal como se encontram nos óleos de pevides de abóbora, noz de palma e alguns outros óleos vegetais.

 

Sintomas que não enganam

  • Fadiga sem razão, acompanhada, por vezes, de dores musculares e tendinites;
  • Sono pouco tranquilo;
  • Problemas de memória relativos a factos recentes;
  • Ansiedade pouco habitual;
  • Humor depressivo;
  • Vontade de urinar com frequência;
  • Aumento de peso a nível abdominal;
  • Calores súbitos, sobretudo a seguir a esforços, emoções, por vezes, à noite, perturbando o sono;
  • Suores localizados, no tronco e couro cabeludo;
  • Disfunções sexuais, sobretudo diminuição da libido, do desejo sexual, uma certa indiferença, com menor frequência de relações sexuais, ereção instável.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2020 (nº 308)

 


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terça-feira, 15 de setembro de 2020

Medicina de biorregulação: abordagem multidisciplinar

A ABORDAGEM BIORREGULATÓRIA FAZ USO DE UMA VISÃO SISTÉMICA E MULTIDISCIPLINAR QUE, ALÉM DE AMPLIAR AS POSSIBILIDADES DO DIAGNÓSTICO, PERMITE OLHAR PARA A DOENÇA EM PROFUNDIDADE E OTIMIZAR DA GESTÃO DA TERAPÊUTICA, DE ACORDO COM A ESPECIFICIDADE DE CADA DOENTE.

 

Artigo da responsabilidade do Dr. Juan Carlos Herrera, Professor Internacional de Medicina de Biorregulação de Sistemas (BrSM); Director Médico Raul Vieira, Grupo Farmacêutico

 

Ao considerar o processo evolutivo da Medicina, verifica-se uma profunda alteração de paradigma ao longo das últimas décadas, em que a abordagem reducionista de outrora, de foco mais linear, cartesiano e limitado, tem vindo a perder terreno para uma visão sistémica, de foco multifatorial, complexa e integrada.

Este processo evolutivo está intimamente ligado ao aparecimento e desenvolvimento das chamadas Ciências Ómicas, de que são exemplo a Genómica, a Transcriptómica, a Metabolómica ou ainda a Proteómica, as quais, ao serem associadas às ferramentas bioinformáticas, têm proporcionado um inestimável contributo para uma melhor compreensão da complexidade biológica. Assim, temos hoje a oportunidade de verificar que a complexidade do organismo não pode ser reduzida a uma lista de moléculas, ou a alterações orgânicas individuais, pelo que se torna da maior importância antes entender e abordar as redes responsáveis pela regulação destas alterações.

VISÃO FECHADA

Sem qualquer sofisma, constata-se que o método científico permitiu um avanço em várias áreas da Medicina ao longo do tempo. No entanto, é também possível imputar as limitações das ferramentas que lhe estão associadas como responsáveis por dotar a visão médica de um certo grau de miopia que desvalorizou a abordagem sistémica e, consequentemente, um vasto conjunto de terapias, algumas delas ancestrais, no qual prevalece como a visão da unidade dinâmica do ser humano.

Um exemplo claro dessa visão fechada são as doenças crónicas, onde os fatores etiológicos da doença são pouco claros, e onde os diagnósticos clínicos são confinados a diferentes especialidades, tornando mais difícil a demonstração da ligação entre algumas doenças. A consequência desta abordagem é a adoção de opções farmacológicas focadas na sintomatologia, ou na tentativa de interromper o processo evolutivo da doença.

ABORDAGEM TERAPÊUTICA DA INFLAMAÇÃO

Entretanto, alguns fatores de desregulação encontram-se já identificados numa base de dados global relativa às doenças crónicas. Um dos mais importantes fatores é “a inflamação” que, sendo muitas vezes silenciosa e mimética, é também frequentemente mal interpretada e mal abordada.

Sabe-se que existe uma base inflamatória na grande generalidade das doenças crónicas, como, por exemplo, as alergias, a asma, as doenças reumáticas, os distúrbios metabólicos e endócrinos, as doenças cardiovasculares, as doenças neurodegenerativas ou, ainda, as doenças oncológicas.

Fundamentalmente, existem dois tipos de inflamação: a aguda e a crónica. Quando a inflamação é aguda, estamos perante um processo fisiológico benéfico que deve ser modulado para ser resolvido, assim como as suas causas. Por oposição, a inflamação crónica é um processo patológico resultante da desregulação de uma inflamação aguda não resolvida.

Um exemplo frequente são os quadros de infeções bacterianas recorrentes tratadas com vários antibióticos. Na prática, o doente repete os quadros infecciosos, apesar de receber os antibióticos indicados, o que pode levar à utilização de medicamentos cada vez mais complexos. Tipicamente, e na generalidade destes casos, instala-se um quadro inflamatório subagudo, que posteriormente se torna crónico. Nestes casos, o conceito de biorregulação não é tido em consideração na seleção da abordagem terapêutica, pelo que o foco se encontra exclusivamente nas bactérias enquanto principal agente causador da doença.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2020 (nº 308)


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Hepatites: prevenir a cirrose e o cancro do fígado

AS HEPATITES TÊM CAUSAS, FREQUÊNCIAS E MANIFESTAÇÕES VARIÁVEIS, TAL COMO VARIÁVEIS SÃO OS MÉTODOS DE TRATAMENTO. COMUM A TODAS É A NECESSIDADE DE CONTROLO DOS FATORES DE RISCO E DE ESTABELECIMENTO DE UM DIAGNÓSTICO PRECOCE, COM VISTA A PREVENIR A EVOLUÇÃO PARA CIRROSE OU CANCRO DO FÍGADO.

 

Artigo da responsabilidade da Drª Joana Nunes, Gastrenterologista; Hospital Beatriz Ângelo, a convite da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

 

Uma hepatite consiste numa inflamação do fígado. Os sintomas são variados, incluindo naúseas, vómitos, dor abdominal, fadiga, fezes claras, urina escura, coloração amarelada da pele e escleróticas. No entanto, é importante referir que na grande maioria dos casos as hepatites são assintomáticas.

O diagnóstico é realizado através de exames laboratoriais que revelam enzimas hepáticas (chamadas transaminases) aumentadas. Este achado, por mais ligeiro que seja, deve determinar de imediato uma investigação.

VARIEDADE DE CAUSAS

Apesar das mais conhecidas serem as hepatites víricas, existe uma variedade de outras causas de hepatite. Existem causas infecciosas (vírus, bactérias e parasitas), causas tóxicos (como o álcool, produtos ditos naturais e medicamentos), causas metabólicas (como o fígado gordo não alcoólico) e causas autoimunes.

Destaco, pela sua importância e frequência, as hepatites víricas e a esteatohepatite não alcoólica, recentemente denominada esteatohepatite associada a doença metabólica.

HEPATITES VÍRICAS

As hepatites víricas são muito frequentes, existindo múltiplos vírus que podem associar-se a um quadro de hepatite: alguns provocam uma doença sistémica que envolve vários orgãos e que pode envolver o fígado, como o citomegalovírus, vírus epstein-barr; outros provocam principalmente doença hepática (vírus hepatotrópicos).

Existem 5 principais vírus hepatotrópicos – também chamados vírus das hepatites: vírus da hepatite A (VHA), B (VHB), C (VHC), D (VHD) e E (VHE).

O VHA e VHE são transmitidos através de consumo de água ou alimentos contaminados e originam, na quase totalidade dos casos, infeções agudas.

INFEÇÕES AGUDAS

A infeção pelo VHA é mais frequente nos países em desenvolvimento, com más condições sanitárias. Contrariamente, a sua prevalência tem vindo a diminuir nos países ditos desenvolvidos. Este facto não é necessariamente vantajoso, uma vez que nas crianças a infeção é maioritariamente assintomática ou com sintomas ligeiros, enquanto que no adulto a hepatite A pode ser grave e, em casos raros, fulminante. A infeção pelo VHA é aguda, autolimitada. Existe vacina disponível.

A infeção pelo VHE tem ganho relevância nos últimos anos. Inicialmente considerada exclusiva de países em desenvolvimento, tem sido cada vez mais diagnosticada nos países desenvolvidos, mesmo na ausência de contexto epidemiológico (nomeadamente viagens a países com elevada prevalência, como a Índia ou o Paquistão). Pensa-se que nos países desenvolvidos o VHE transmite-se principalmente pelo consumo de carne pouco cozinhada de suínos contaminados.

O VHE é, tal como o VHA, uma infeção aguda, embora em alguns casos especiais possa tornar-se crónica (doentes imunodeprimidos, nomeadamente doentes transplantados).

TRANSMISSÃO PARENTÉRICA

Os VHC, VHB e VHD são de transmissão parentérica, isto é, transmissão pelo sangue (mais frequente para o VHC), por via sexual ou transmissão da mãe para o bebé (mais frequente para o VHB). Podem cursar com hepatite aguda ou hepatite crónica.

A transmissão mãe-bebé (chamada transmissão vertical) da hepatite B é a principal via de propagação do vírus nos países em desenvolvimento, onde não existem cuidados pré-natais. Deste modo, em países africanos e do Oriente, muitos bebés nascem com VHB, uma infeção que vai persistir toda a sua vida.

A hepatite C tem sido associada à toxicodependência, no entanto, existem outras formas de adquirir a doença (transfusões sanguíneas anteriores a 1992, tatuagens), incluindo um número significativo de pessoas sem fator de risco identificável.

NECESSIDADE DE ANÁLISES

Estas hepatites víricas crónicas são assintomáticas, na sua grande maioria, durante muitos anos, acabando por se manifestar numa fase em que já progrediram para cirrose ou cancro do fígado.

Deste modo, se não for realizada uma análise de sangue com as enzimas hepáticas e uma serologia viral, o indivíduo pode viver décadas sem saber que está infetado.

É fundamental que, na presença de alteração das análises hepáticas, de fatores de risco e em doentes oriundos de países endémicos, seja realizada a serologia vírica, pelo menos, uma vez na vida.

TRATAMENTOS E VACINAS

A hepatite C tem cura, tendo ocorrido nesta última década uma revolução do seu tratamento, com aparecimento de medicamentos antivíricos potentes, muito eficazes e bem tolerados, com regimes posológicos simples e curtos (2 a 3 meses).

A hepatite B, ao contrário da hepatite C, não tem cura. Existem medicamentos que conseguem inibir a replicação viral, mas não eliminam totalmente o vírus.

Nem todos os doentes com infeção pelo VHB necessitam tratamento, uma vez que, em alguns casos, não existe doença hepática apesar da infeção vírica. Mas é importante referir que existe vacina eficaz disponível para a hepatite B.

A hepatite D ou delta ocorre exclusivamente em doentes com hepatite B, cursando com uma doença mais grave.

FÍGADO GORDO

A esteatohepatite não alcoólica (EHNA) é um tipo de hepatite que ocorre em doentes com fatores de risco metabólicos como a hipertensão arterial (HTA), diabetes mellitus (DM), dislipidemia, obesidade. A acumulação de gordura a nível hepático determina alterações inflamatórias que, em alguns casos, podem levar a fibrose hepática e cirrose.

O diagnóstico deve ser equacionado perante alterações nas análises hepáticas em doentes com evidência imagiológica de fígado gordo. Em alguns países desenvolvidos, a EHNA é já a primeira causa de transplante hepático.

Não existe, atualmente, tratamento específico para esta doença. Medidas de controlo dos fatores de risco acima mencionados, incluindo perda de peso, exercício, medicamentos para controlo adequado da HTA, DM e dislipidemia, já demonstraram ser úteis para impedir a progressão da doença.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2020 (nº 308)

 

 


Hepatites: prevenir a cirrose e o cancro do fígado publicado primeiro em https://saudebemestar.com.pt/

Fibrilhação auricular: é necessário diagnosticar atempadamente

SABIA QUE A FIBRILHAÇÃO AURICULAR AUMENTA EM 5 VEZES O RISCO DE AVC, EM 3 VEZES O RISCO DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA E EM 2 VEZES O RISCO DE DEMÊNCIA E DE MORTALIDADE?

 

Artigo da responsabilidade da Profª. Natália António, Cardiologista com subespecialidade de Eletrofisiologista, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; professora auxiliar de Farmacologia na Faculdade de Medicina de Coimbra; representante da Ordem dos Médicos na Comissão de Farmácia e Terapêutica da ARS; elemento da Direção da Sociedade Portuguesa de Cardiologia; elemento do Colégio de Farmacologia Clínica.

 

A fibrilhação auricular (FA) é a arritmia cardíaca mantida mais comum em todo o mundo, sendo responsável por 20 a 30% dos acidentes vasculares cerebrais isquémicos. Diagnosticar atempadamente esta arritmia pode revelar-se fundamental na prevenção de complicações como AVC, insuficiência cardíaca, demência ou mesmo morte súbita. A FA pode implicar uma significativa redução da qualidade de vida, mas pode ser controlada através da gestão de comportamentos, hábitos de vida, medicação e, nalguns casos, de ablação.

SINTOMAS MUITO LIMITATIVOS

A fibrilhação auricular associa-se a um aumento de risco para vários problemas, particularmente o acidente vascular cerebral (AVC).

Em Portugal, a prevalência desta arritmia cardíaca na população com idade igual ou superior a 40 anos é de cerca de 2,5%. A partir dos 65 anos, a prevalência aumenta para 10%, ou seja, cerca de um em cada 10 portugueses com mais de 65 anos desenvolve esta doença.

Estudos indicam que esta é uma condição que aumenta em 5 vezes o risco de AVC, em 3 vezes o risco de insuficiência cardíaca e em 2 vezes o risco de demência e de mortalidade.

Embora esta possa ser uma doença silenciosa, a verdade é que muitos doentes apresentam sintomas muito limitativos, como sensação de batimentos descoordenados do coração (palpitações), pulsação rápida e irregular, tonturas, sensação de desmaio ou mesmo perda do conhecimento, dificuldade em respirar, cansaço, confusão ou sensação de aperto no peito.

SUCESSO TERAPÊUTICO

Uma vez diagnosticada, a FA pode ser eficazmente controlada na grande maioria dos doentes, através da alteração de hábitos de vida, fármacos antiarrítmicos, ablação e terapêutica anticoagulante.

De acordo com as normas estabelecidas na maior parte dos países europeus, a maioria dos doentes com FA tem indicação para terapêutica anticoagulante oral, para prevenção do AVC e do tromboembolismo sistémico, nomeadamente através da utilização de anticoagulantes não antagonistas da vitamina K, conhecidos por NOAC. Esta decisão deve ser tomada com o envolvimento de um médico e deve, subsequentemente, haver um plano de acompanhamento do doente. O sucesso terapêutico é tanto maior quanto mais esclarecidos estiverem os doentes.

Há várias formas de fibrilhação auricular, sendo que as diferenças se prendem, sobretudo, com o tempo de duração e a persistência da arritmia. Quanto mais tarde for diagnosticada esta arritmia, mais difícil poderá ser conseguir uma terapêutica eficaz. A FA caracteriza-se pelo facto do doente apresentar um ritmo irregular que pode ser detetado nos exames ao coração, como o eletrocardiograma ou o Holter, entre outros.

 MEDIR A PULSAÇÃO AJUDA A PREVENIR ARRITMIAS

O coração assegura que o sangue é distribuído a todas as partes do corpo, variando a atividade em função das necessidades do organismo, ou seja, bombeia mais quando é necessário dar resposta a uma situação de esforço e menos quando o organismo está em repouso. Num adulto saudável em repouso, o coração bate cerca de 60 a 100 a vezes por minuto, sendo o seu ritmo regular. Quando ocorre uma arritmia cardíaca, como a FA, o coração bate de uma forma irregular.

Assim sendo, a medição do pulso é a maneira mais simples de vigiar o ritmo do coração. Esta medida simples poderá ajudar a detetar batimentos cardíacos irregulares, identificar precocemente FA e prevenir doenças graves.

FATORES DE RISCO

Muitos são os fatores de risco que podem estar na origem das arritmias. Tabagismo, stress, consumo de bebidas alcoólicas, estilos de vida sedentários, consumo de drogas, toma incorreta de alguns medicamentos e excesso de cafeína estão na origem de muitas arritmias.

Existe ainda um grupo de comorbilidades que potenciam o aparecimento de episódios de FA e que são a diabetes, a obesidade, a insuficiência cardíaca, a hipertensão arterial, a síndrome de apneia obstrutiva do sono e a doença coronária, entre outras.

Alguns fatores de risco associados à FA são modificáveis, pelo que alterar o seu estilo de vida e cumprir os tratamentos de acordo com as indicações do seu médico pode reduzir o risco de desenvolver esta arritmia e as suas complicações.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2020 (nº 308)


Fibrilhação auricular: é necessário diagnosticar atempadamente publicado primeiro em https://saudebemestar.com.pt/

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Regresso ao trabalho: estratégias para ganhar motivação

O regresso ao trabalho pode ser fonte de desânimo, ansiedade e desorientação. Para enfrentar de novo a rotina, o segredo está em colocar mente e corpo em ordem.

 

Dores de cabeça, cansaço profundo, taquicardia, insónias e até problemas do foro intestinal são alguns dos sintomas da depressão pós-férias, a forma mais agravada do stress que afeta alguns de nós no momento de deixar o descanso para trás. Apesar deste distúrbio psicossomático atingir uma pequena fatia da população – alguns psicólogos e psiquiatras consideram mesmo que este tipo de depressão, enquanto tal, não existe, que a fadiga está associada a alterações somáticas difíceis de diagnosticar – a verdade é que a maioria se depara, em maior ou menor grau, com algum desalento no momento de enfrentar novamente a rotina e os compromissos.

Para evitar esta melancolia, importa adotar algumas medidas, em particular se o seu emprego é emocional e/ou fisicamente exigente. Falamos de “estratégias” mentais, mas também de cuidados físicos que, além de ajudarem a reparar os “estragos” do verão, contribuem para alimentar o bem-estar, fundamental quando nos sentimos sem motivação nem energia.

Pense já nas próximas férias

Nada eleva mais o estado de espírito do que começar já a planear as férias seguintes. Mas se estas  estão marcadas para só daqui a um ano, a sua frustração face ao retorno laboral tende a disparar consideravelmente.

Se lhe for possível, divida as férias, no mínimo, em dois períodos. O segredo está no equilíbrio: se o período for demasiado grande, dificulta o regresso à realidade e esgota a possibilidade de novas férias para breve; se for muito pequeno, não dá tempo para se alienar do stress do dia a dia.

Se o mapa das férias for bem estipulado ao longo do ano – com dias livres aqui e ali para “esticar” alguns fins de semana – conseguirá evitar excesso de cansaço. Este é, aliás, outro fator a ter em conta: evite tirar férias só quando se sentir à beira do limite. Quando assim é, corremos o risco de o stress viajar connosco e de não conseguirmos desligar as ideias. Antes de ir, deixe tudo organizado. Deste modo, evitará passar as férias a pensar naquilo que ainda lhe falta fazer.

Volte uns dias antes

Se for para fora, procure regressar, pelo menos, dois dias antes, de modo a poder habituar-se à rotina gradualmente. E porque não começar a trabalhar a meio da semana, por exemplo a uma quarta-feira? Deste modo, evita ter de enfrentar cinco dias de uma vez – se a primeira semana for mais curta, a ansiedade e o stress serão menores.

Lembre-se que o seu corpo rege-se por um ritmo próprio, uma espécie de relógio interior que regula o funcionamento do organismo segundo períodos de atividade.

Não mergulhe de cabeça no trabalho

Se à sua espera estão pilhas de documentos, tarefas e compromissos, respire fundo. Em primeiro lugar, de nada adianta começar a desesperar com a montanha de trabalho que tem pela frente. Não tente fazer tudo nos primeiros dias – além de a sua produtividade ainda ser muito reduzida, por ter estado algum tempo parado, estará a depositar pressão acrescida sobre si mesmo. Faça uma tarefa de cada vez, comece pelas mais simples e procure falar com os seus colegas e superiores de modo a perceber quais devem ser as suas prioridades. Ao envolver-se gradualmente no trabalho, não correrá o risco de se sentir “engolido”.

Pensamento positivo

As férias podem fazer-nos esquecer o que mais apreciamos naquilo que fazemos. Aproveite para refletir sobre o melhor que a sua profissão e o seu emprego lhe oferecem – seja realização pessoal, bons colegas ou remuneração atrativa. Concentre-se nos pontos positivos e verá como é mais fácil ultrapassar qualquer desconforto associado ao regresso. Está cientificamente provado que a nossa predisposição mental tem um impacto direto sobre a forma como vivemos determinadas experiências.

Desafie-se

Aproveite a “rentrée” para experimentar algo novo que ansiava há muito, seja fazer um curso de culinária ou começar a praticar desporto. Deste modo, estará a evadir-se mentalmente e a recriar sensações que tantas vezes experimentou durante as férias, altura em que somos bombardeados com impressões e informações pouco familiares, responsáveis por fazer disparar o nosso entusiasmo. A rotina faz-nos, de certo modo, esquecer este estado de espírito, pelo que só precisa de contrariá-la para conseguir o tão desejado “efeito férias”.

Mais horas de sono

O sono é o mais sacrificado durante as férias, altura em que vivemos numa certa anarquia de horários. Durante este período, os efeitos não se fazem notar, mas o ritmo do trabalho põe a nu os malefícios que advêm de dormir pouco. Procure dormir entre sete a oito horas para descansar bem e manter as ideias em ordem – quando raciocinamos com clareza relativizamos tudo o que se passa à nossa volta.

Estado de espírito passageiro

A primeira semana pode parecer-lhe penosa e difícil de ultrapassar, mas a verdade é que o seu estado de espírito durante os primeiros cinco dias não passa de uma sensação passageira. Assim que recuperar a produtividade – percebendo como se sente preenchido quando está ativo e envolvido num projeto – irá sentir-se novamente cheio de energia e motivado para abraçar novos desafios.

No entanto, se está descontente com o seu emprego, tenha cuidado: evite precipitar-se e tomar decisões sérias logo após as férias, pois o mais certo é que o seu discernimento ainda esteja toldado pela desorientação do regresso.

Invista em si

Ocupe-se com o seu bem-estar e verá como se torna bem mais fácil envolver-se novamente na realidade da sua vida. A verdade é que a maioria das pessoas aproveita as férias para se alienar – e bem – de tudo: dos compromissos, da alimentação saudável, do exercício físico. Se tem o hábito de ir ao ginásio ou de caminhar ao final do dia, procure recuperá-lo logo na primeira semana de trabalho, de modo a sentir que está, aos poucos, a readaptar-se ao seu quotidiano.

E se o pânico se instalar

Para ser considerado síndrome ou depressão pós-férias, é necessário que a tristeza associada ao regresso ao trabalho seja acompanhada de sintomas físicos específicos que condicionem o próprio quotidiano. Só quando os sintomas perduram durante os 15 dias posteriores ao início da vida laboral é que existem motivos para alarme. Neste caso, não se trata apenas do medo do regresso – um sentimento que, dizem os especialistas, está intrinsecamente ligado à liberdade que as férias proporcionam – mas, antes, de uma condição psicológica que exige acompanhamento profissional, dado que a síndrome pode ser o sinal de uma problemática latente que importa abordar com urgência.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2020 (nº 308)

 


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COVID-19, depressão e suicídio

No contexto da atual pandemia, há uma forte tendência para desvalorizar a sintomatologia depressiva. Por sua vez, a depressão é a principal causa de morte por suicídio. No mês em que se assinala o dia mundial da prevenção do suicídio, importa unir esforços e ajudar quem se encontra em sofrimento.

Artigo da responsabilidade da Dra. Marisa Marques, Psicóloga Clínica e da Saúde; Trofa Saúde Hospital de Barcelos e Trofa Saúde Hospital de Braga Norte.

 

A depressão consiste numa perturbação mental muito comum no ser humano. Caracteriza-se por ser uma perturbação emocional persistente, que afeta negativamente a forma como a pessoa se sente, pensa e age. Provoca, por sua vez, sentimentos de tristeza e/ou perda de interesse, nomeadamente nas atividades habituais do quotidiano, e diminui de forma significativa a capacidade funcional da pessoa, quer a nível profissional, quer a nível social.

DIAGNÓSTICO DA DEPRESSÃO

No contexto atual, a existência da pandemia de Covid-19 constituiu uma ameaça para a saúde, tanto a nível físico como psicológico, considerando-se urgente e emergente uma atitude.

De facto, estamos a viver uma situação de instabilidade emocional significativa, em que os sentimentos de angústia, tristeza, depressão, raiva, medo, bem como outras alterações, dominarão o nosso dia a dia. Como consequência, prevê-se que, haverá uma forte tendência a desvalorizar a sintomatologia depressiva, uma vez que a mesma terá poderá ser confundida com a tristeza e esgotamento, o que dificultará o diagnóstico da depressão.

CAUSA DE 800 MIL SUICÍDIOS

A depressão é o “trilho doloroso” que induz a um sofrimento intenso, conduzindo em casos extremos ao suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, cerca de 300 milhões de pessoas tinham diagnóstico de depressão. Em Portugal, a realidade não é diferente da situação mundial: estima-se que haja cerca de um quinto da população (22,9%) com sintomatologia depressiva.

Atualmente, sabe-se que a depressão é considerada a doença que mais contribui para as mortes por suicídio, com um índice bastante elevado: falamos de 800 mil situações por ano, em todo o mundo.

Apesar de ainda ser um assunto tabu da nossa sociedade, o suicídio encontra-se entre as 10 principais causas de morte em Portugal e em todo o mundo. No nosso país, anualmente, suicidam-se cerca de 1000 pessoas. No entanto, desde o início da pandemia, o número de suicídios aumentou drasticamente, assunto que está nas primeiras páginas dos jornais, tal como os números de infetados por COVID-19.

No entanto, é mais fácil olhar para o lado e mascarar esta realidade, do que nos comprometermos.

DEVER DE ESTAR ATENTO

Todos temos o dever de estar atentos e informados sobre a depressão e as suas consequências, para unir esforços e ajudar quem se encontra em  sofrimento. Por isso, todas as atitudes são preciosas quando se suspeita que alguém possa estar depressivo e com pensamentos suicídas.

O importante, numa primeira fase, é tentar entender o que está a acontecer e quais os sentimentos associados. Não tenha medo de perguntar à pessoa porque se sente triste, deprimida e se está a pensar em suicídio (desistir de algo).

Sendo que é improvável, para não dizer impossível, que a depressão passe por si só, torna-se fundamental que o primeiro passo seja aceitar que precisamos de ajuda e, consequentemente, procurar ajuda dos profissionais de saúde mental (psicólogos e psiquiatras).

A DEPRESSÃO PRECISA SER TRATADA

A depressão, tal como as doenças físicas, precisa de ser tratada. Em todos os casos, o recurso à psicoterapia é fundamental e, em casos mais específicos, deve-se complementar o tratamento com a utilização de psicotrópicos.

Lembre-se que a grande maioria das pessoas deprimidas melhora substancialmente com um tratamento apropriado. De uma forma geral, os quadros depressivos de intensidade moderada a grave são tratáveis com a conjugação da Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e medicação. Sendo que, em casos ligeiros, serão intervencionados apenas com Psicoterapia Cognitivo-Comportamental.

Reforço o alerta: se conhecerem alguém que possa ter uma perturbação de humor, o mais importante a ser feito é aconselhar-lhe a procurar ajuda. Não devemos minimizar a depressão, antes pelo contrário, devemos ser ativos na procura de uma resposta.

A saúde mental é um assunto sério: sem saúde mental não há saúde.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2020 (nº 308)

 


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Alzheimer: a doença do esquecimento

Ainda não se conhecem as causas exatas da doença de Alzheimer, embora constitua uma das prioridades para a ciência médica. O que se sabe ao certo é que, quanto mais cedo for detetada, mais efetivos são os tratamentos. Conheça os fatores de risco, os sintomas, as etapas da doença e alguns dos mais recentes avanços terapêuticos.

 

Alzheimer é uma doença neurodegenerativa crónica, que se caracteriza pela perda progressiva das funções cognitivas cerebrais, como a memória, o juízo, o pensamento abstrato e a linguagem, bem como pelo aparecimento de problemas psicopatológicos e comportamentais.

Esta doença provoca um elevado grau de incapacidade para o doente, condicionando fortemente a sua vida e, também, a dos seus familiares ou cuidadores.

A doença de Alzheimer é a causa de demência mais frequente entre os idosos, embora a sua génese ainda seja desconhecida. Nos jovens, é extremamente rara, sendo meramente ocasional entre pessoas de meia-idade. Torna-se mais frequente, isso sim, à medida que a idade avança.

Estima-se que, em Portugal, mais de 200.000 pessoas sofram de demência, 60% a 70% dos casos correspondendo a doença de Alzheimer.

Fatores de risco

Uma questão que os investigadores continuam a colocar é: como se desencadeia a doença de Alzheimer? O desconhecimento da causa concreta desta patologia está rodeado de mistério, existindo muitas teorias diferentes, embora nenhuma concludente.

O que se conhece são os fatores que podem influenciar o seu desenvolvimento e, provavelmente, acelerá-lo.

Idade – É o fator de risco mais evidente. A partir dos 65 anos, a probabilidade de sofrer Alzheimer aumenta notavelmente. As pessoas que ultrapassam esta idade têm cerca de 10% de probabilidades de sofrer Alzheimer; a partir dos 75 anos, a probabilidade aumenta para 20%; a partir dos 85, para 40% e assim sucessivamente.

Especialistas assinalam, ainda, que as mulheres são mais vulneráveis à enfermidade, não porque a probabilidade de sofrê-la seja maior, mas porque têm uma esperança de vida mais alargada.

Herança genética – As pessoas com antecedentes familiares de Alzheimer podem apresentar um maior risco de desenvolver esta doença, embora não seja um fator muito importante em termos absolutos, já que depende da confluência de outros fatores. De acordo com as estatísticas, apenas 1% dos casos de Alzheimer têm antecedentes familiares.

Educação – Ter uma mente ativa e um elevado nível de escolaridade – e, portanto, de estímulos cerebrais – pode influenciar como fator de proteção.

Vida saudável – Os fumadores, os hipertensos, os diabéticos e as pessoas com colesterol elevado têm maiores probabilidades de desenvolver Alzheimer ou qualquer outra demência.

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